sábado, 29 de maio de 2010

Nota de repúdio - PUC-MG

Nos dias 26 e 27 deste mês de maio, foi realizada na PUC Coreu a eleição direta para a direção do DCE. Como a muito não se via, a eleição foi composta por uma chapa única. Chapa esta denominada “Voz dos Estudantes” (atual “gestão”), tendo como seu presidente Caio Nárcio, filho do atual presidente do PSDB-MG e vice-presidente da Câmara Legislativa Federal.

Fazendo esta referência fica bastante evidente o porquê da postura adotada pela gestão “Voz dos Estudantes” quanto ao DCE e sua “gestão”.

Entre elas podemos destacar:

* Tratamento do DCE sob uma perspectiva empresarial;
* Transformação do DCE em uma espécie de “Lan House” e empresa de fotocópia;
* Nenhuma discussão sobre a transformação de departamentos de cursos em Institutos, buscando a redução de cursos e prejudicando o ensino, como, por exemplo, o nascente Instituto de Ciências Sociais;
* Falta de interesses quanto aos assuntos estudantis, como, por exemplo, o aumento abusivo da mensalidade e a educação tratada como mercadoria;
* Excessivo uso de publicidade (tanto da “gestão”, quanto das empresas “parceiras” do DCE – que são muitas);
* Desrespeito à história do Movimento estudantil da PUC-Minas (Caso da placa);
* Festas privadas e Calourada a preços abusivos, refletindo numa postura totalmente excludente;
* Preços abusivos para o uso da Casa dos Estudantes – PUC Minas;
* Relação conivente junto à Reitoria.

No que se refere a atual eleição:

* Desrespeito a ordem judicial que suspendeu a eleição.
* Uso de nomes de pessoas que não desejavam participar da constituição da Chapa.
* Impugnação da chapa opositora.
* Não existência de um regimento eleitoral.
* Uso descarado de boca de urna. (visto que não existe regimento para proibir tal prática)
* Cédulas de votação mal elaboradas, a fim de impedir prejuízos à Chapa. (não existe a opção “nulo”, e a opção “branco” dá vantagem a quem têm mais votos. Logo, como é chapa única...)

Todas estas visíveis características da atual gestão do DCE demonstram a falta de respeito, de ética e caráter dos atuais “gestores” com os estudantes e com a instituição DCE PUC - Minas.
No dia 26, o oficial de justiça entregou a intimação à direção do DCE, que considerava tal eleição ilegal e determinava sua suspensão. Esta denúncia foi feita por um aluno da Chapa impugnada, que se considerou, com o apoio de seus companheiros de Chapa, prejudicado pela postura autoritária da atual gestão, e teve na justiça comum um apoio.

Como a ordem judicial foi desobedecida, o DCE (ou seja, nós, alunos da PUC – MG) terá de arcar com uma multa que pode variar de R$ 100,00 a R$ 20 mil por dia.

No entanto, nem isso intimidou os “donos do poder” (que certamente têm uma costa “pelando”, e também pelo fato de não serem atingidos pela multa), que, contra a decisão judicial, continuaram a realizar a eleição e a desrespeitar os alunos da instituição.

E por esses evidentes motivos que viemos por meio deste repudiar a abusiva forma que a atual gestão do DCE vem tratando a instituição que representa todos os alunos da PUC (e não somente os contribuintes, que hoje são tratados como clientes). Assim, queremos chamar os alunos a questionar o modo como as coisas estão sendo feitas, a fim de buscar uma relação mais democrática e participativa, onde realmente possamos, sem hipocrisia, agir a partir das vozes dos estudantes, denunciando tais práticas e encontrando caminhos que superem a perspectiva mercadológica ao qual está submetido nosso DCE.

Belo Horizonte, 28 de maio de 2010.

Assinam esta nota, inicialmente, alguns estudantes de Ciências Sociais, História e Psicologia.

Grande eleições diretas - o câncer do movimento estudantil

Antes da ditadura militar, quem dirigia o movimento estudantil – ME – nas faculdades e universidades eram os Centros e Diretórios Acadêmicos – CA’s e DA’s. Certamente não por um acaso, neste momento histórico o ME esteve ativo e à frente de grandes conquistas, como na luta do “Petróleo é Nosso”, que resultou na criação da Petrobrás.

A ditadura, inimiga do movimento organizado e combativo, fez seu papel. Criou DCE’s com eleições diretas na maioria das universidades, pois controlar meia dúzia de diretores é muito mais fácil do que influenciar diversos CA’s e DA’s.

Foi-se a ditadura, ficou-se a herança maldita. Desde então temos em praticamente todas as universidades DCE’s compostos por grandes eleições diretas. Eis a questão central da degeneração do movimento.

O que vemos agora na PUC – fraude eleitoral – é um tipo de episódio que se repete por duas décadas, aqui e em todo país (sobretudo num DCE rico como o nosso). Temos a ânsia de partidos políticos e estudantes ditos “independentes” para controlar o DCE, pois nesta dita democracia há algumas características como:

* Os estudantes podem votar mais não mandam em nada;
* elege-se uma diretoria com plenos poderes, que faz o que bem entender com o DCE;
* é um processo eleitoral caro, pois para participar gasta-se milhares de reais, e é exigida uma organização que os partidos políticos estão acostumados: financiam as campanhas, e depois esperam o retorno, seja no dinheiro e/ou na imagem da entidade;
* não há revogabilidade de mandatos;
* é comum os conhecidos “estudantes profissionais”, que fingem que estudam pra “mamar nas tetas” da entidade.

No entanto, outro tipo de democracia é possível, no lugar destas grandes e caras eleições. Há cinco anos, quem dirige o DCE da Universidade Federal de São João del Rei – UFSJ são os CA’s e DA’s, por meio do Conselho de Entidades de Bases, que se reúne periodicamente para dar os rumos do DCE (cada CA ou DA tem um voto no conselho). Este conselho elege os cargos executivos do DCE (secretário, tesoureiro...), que têm a mera função de executar. E o principal, que é o poder que o conselho tem de revogar, sempre que necessário, qualquer dos cargos executivos do DCE. Tal democracia é mais avançada, pois:

* Dificulta a corrupção, pois um CA/DA fiscaliza o outro.
* Acaba com o carreirismo, pois quem manda no DCE são os CA’s/DA’s, e não um ou outro “figurão iluminado”. É o fim da figura do “estudante profissional”.
* Os partidos políticos que desejarem participar do ME terão que mudar sua relação com o movimento, fazendo política de base nos CA’s/DA’s e atuando de maneira propositiva no conselho.
* No conselho a participação é aberta a todos os estudantes, logo não precisa ser do partido A ou B pra ajudar a construir o movimento.
* O conselho é contínuo, pois por não haver grandes eleições (e suas respectivas fraudes, denúncias, problemas com a justiça...) não se para o DCE por meses. Como o conselho é permanente, a renovação é mais saudável, pois dificilmente serão trocados todos os CA’s/DA’s de uma só vez (como acontece com uma diretoria de DCE, nos moldes atuais).
* As eleições são mais que diretas, pois a participação na eleição de um CA/DA é muito mais significativa que na de DCE (geralmente 30% votam na eleição de um CA/DA, enquanto na de DCE não se chega a 10%). Além disso, uma eleição de CA/DA é mais confiável, pois se usa pouco dinheiro e geralmente os estudantes conhecem os membros da entidade.
* Os CA’s/DA’s ficam muito mais fortes, pois passam a ter poder e responsabilidade sobre o DCE.
* O conselho, por ser aberto, torna-se multidisciplinar, o que melhora a qualidade de suas decisões.

Enfim, esta é uma possibilidade de democracia que pode dar um salto de qualidade no ME da PUC, e tirar nosso DCE do lugar comum da fraude, da corrupção, do carreirismo e de outras mazelas. Queremos discutir um DCE dirigido pelos estudantes, e vamos fazer tal debate em cada canto da PUC onde seja possível.

MOVIMENTO DCE DOS ESTUDANTES – PUC MG dcepucdosestudantes@gmail.com.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Greve!

Quanto vale a luta?
O que se conquistou?
O que se aprendeu?
O que não se conquistou?
Quanto vale...?

Por Fábio Bezerra

Não adianta fugir a regra, pois quando se termina ou suspende um movimento grevista ou qualquer outro movimento de reivindicações de classe, essa é a questão que sempre norteia nossas avaliações e opiniões.
Há aqueles que irão se prender ao imediato, ou seja, reivindicamos X, lutamos Y e ganhamos Z.

Há aqueles que irão relevar os pontos positivos frente a situação que se tinha antes e aqueles que irão repetir as mesmas “receitas de bolo” dos bolcheviques de plantão, de que a estratégia foi errada, de que há crise na direção ou de que essa luta é limitada e não adianta mais.

Eu diria que todas as questões podem estar certas ou erradas dependendo do ponto de partida da análise que se pretende fazer.

É incontestável que essa foi a maior greve do movimento sindical em Minas dos últimos 15 anos e inegável a disposição que a categoria dos trabalhadores (as) em educação manifestaram ao longo de 47 dias de luta e diga-se de passagem só quem não esteve na greve ou não é trabalhador é que ignora o que isso significa em um contexto onde o que reinava era a mais profunda apatia e desilusão com o sindicalismo e a luta política.
Para aqueles que só enxergam o momento presente e não compreendem que a vida é um processo dinâmico, dialético e às vezes flexível, que passa por etapas muitas das vezes imperceptíveis aos olhos dos mais desatentos ou precipitados, a não realização da nossa pauta de reivindicações é o coroamento do fracasso do movimento ou da falência da luta direta das massas.

Não se trata agora de fazer um balanço apenas do resultado financeiro restrito e isolado, mas do rico e fértil processo que esse movimento instaurou em nossa categoria.

Há cerca de oito anos, na greve de 2002, uma triste história teve seu ápice na traição que a direção do Sind- UTE operou contra a categoria que estava em Greve contra o então governo Itamar Franco, aliado de LULA nas eleições daquele ano.

Em uma assembléia histórica e com cerca de 10 mil pessoas, a Direção do sindicato ofuscada pelo processo eleitoral capitulou as pressões externas do PT e golpeou a todos com a decretação do fim de nossa greve. Foi uma revolta total e oito longos anos de ressaca de um processo que deixou marcas e desconfianças em nossa categoria.

Passado todo esse período as coisas não ficaram imóveis.

Nossas condições de trabalho ficaram cada vez mais precarizadas, por sua vez novos profissionais chegaram enquanto outros saíram e até o mais improvável aconteceu, uma ruptura interna no seio da Articulação Sindical forçando o grupo vitorioso a mudar o status quo reinante para se requalificar frente a sua base, com o resgate de discursos e ações abandonadas com o tempo.

Soma-se a isso uma pitada de humor político- eleitoral e temos todas as condições de se iniciar uma nova etapa no movimento.

Mas auto lá, vamos devagar... Principalmente aqueles que são mais afoitos. Uma nova etapa não significa que mudou tudo de vez ou que haverá um progresso contínuo, retilíneo e uniforme.

Estou falando que após todo esse rico processo que vivenciamos e que nos tirou do ostracismo político e que educou as massas que se lançaram ao campo de batalha, um novo e profícuo espaço se abriu entre nós e cabe agora àqueles que não se iludem com o economicismo sindical e que tem um compromisso com a luta para além do capital, explorar as oportunidades de reconstrução do movimento sindical na área da educação em nosso Estado.

A categoria dos trabalhadores (as) em educação, talvez sem ter a consciência disso, deu o maior exemplo de resistência e luta para o conjunto dos trabalhadores desse país e mesmo ressaltando essa convicção com uma pontinha de orgulho por ter participado desse movimento, faço-o com a mais absoluta serenidade após passar o furor das emoções e o contagio do calor impetuoso das massas.

Que categoria em tempos de abandono da luta classista e independente, no gozo mais requintado do modo de vida pós-moderno, individualista e sem utopias, cercada de aparelhos ideológicos e alienantes por todos os lados, poderia surpreender e suportar todo o arsenal do aparato do Estado burguês, que implacavelmente desferiu toda a artilharia que possuía contra os grevistas e a cada ataque a resposta era a adesão, a persistência e a luta?

E não estou falando aqui do trivial que lançam contra qualquer categoria que perturba a ordem burguesa, ou seja, a imprensa pusilânime, safada, mentirosa e imoral, a repressão policial ou a Justiça tendenciosa que nos colocou na condição de bandidos e fora da lei.

Estou falando de cortes de salário sobre pais e mães de família que mesmo na miséria não recuaram um milímetro sequer, estou falando de pessoas que não tem a educação como bico e que mesmo com a ameaça de desemprego evidente e as angústias e incertezas que isso trazia, mantiveram-se firmes e decididas a irem até o final.

Estou falando de uma massa de trabalhadores em assembléia ( cerca de 15 mil) que quando a Direção do sindicato, temerária e vacilante frente as ameaças do Governo, quis por fim a Greve em 18 de Maio, não vacilou e nem tremeu na base, atropelando o medo e a indecisão da Articulação com um sonoro coro de vozes e punhos cerrados em toda a Praça: GREVE, GREVE, GREVE, GREVE!!!!

A cada porrada do Governo , um saia do movimento, mas dois ou mais aderiam, a cada ataque desesperado a resposta era a indiferença dos grevistas a mesma que o Governo Aécio nos tratou durante todo esse tempo.

Já não tínhamos mais nada a perder, a não ser os grilhões que nos acorrentavam ao medo, a apatia, a mediocridade, a falta de amor próprio, ao ostracismo político e a cegueira de classe.

Se agora me perguntarem quanto valeu essa greve, eu direi sem dúvidas que valeu o aprendizado que tivemos e o resgate do sentido de nossa luta. Que, diga-se de passagem, não tem preço!

Se me perguntarem o que conquistamos de fato, direi que conquistamos o direito de sonhar de novo, de se rebelar de novo, de viver de novo, pois rompemos a barreira do lugar comum que tanto o sindicalismo acomodado e bem comportado, quanto a ideologia da conciliação de classes nos diz para seguir sem questionamentos.

A aula de resistência e luta que nossa categoria deu nas ruas e praças de Minas Gerais a fora, ecoaram por todo o país e hoje tem motivado a outras categorias do nosso Estado a se mobilizarem e saírem do mundo das sombras na qual elas se encontram.

É muito simplório e idealista talvez, querer dizer que saímos derrotados...

-Ledo engano!

Em todos esses 20 anos como militante eu nunca assisti uma categoria, mesmo dividida ao meio quando da votação da continuidade da greve, continuar em sua grande maioria junta e unida, esperando o desfecho final da assinatura do acordo que suspendeu nosso movimento.

O nosso retorno para as salas de aula não foi de cabeças baixas com o rabo por entre as pernas como vivenciei muitas vezes em minha vida.

De cabeças baixas e com os rabos por entre as pernas estavam meus tristes e ignóbeis fura greves que não conseguiam esconder o constrangimento de tanta covardia e mediocridade.

E olha que muitos nem agradeceram a conquista do concurso público que agora vão poder fazer graças ao nosso movimento e quem sabe saírem da triste condição de designados/ resignados!

E confesso que só desfiz meu sorriso e alegria ao voltar de cabeça erguida para a escola, quando fui recebido com aplausos por um grupo de alunos do EJA, por serem trabalhadores e sentirem na pele o que é ser explorado dia a dia como escravo. A essa manifestação de solidariedade inesperada não respondi com sorrisos...

-Chorei copiosamente, abraçado a eles (as).

Se não conquistamos tudo o que merecíamos e tendo o gostinho de que poderíamos ter ido mais longe, se não fossem as vacilações da Direção do sindicato, o sentimento de resgate da identidade de classe, da autonomia sobre sua profissão, da coragem e da ousadia realimentou de vida e esperança uma categoria que era julgada como moribunda ou morta, sem respeito e que não protagonizaria mais nada no cenário político desse Estado.

Para aqueles que viveram a Greve intensamente, para aqueles que sentiram os impactos de nossas manifestações nas ruas de Minas e foram forjando em seu ser social uma nova consciência, para aqueles que mudaram o eixo da triste sina ao qual estávamos errantes, não é preciso dizer que valeu muito a nossa luta e que frente à etapa na qual nos encontrávamos anteriormente a luta da classe trabalhadora em geral saiu vitoriosa dessa greve.

Sem receio do que vou dizer, construímos na história de nosso movimento, uma nova etapa política, que se iniciou quando a indignação e a esperança venceram o medo e o imobilismo. E esta etapa está aberta e cheia de possibilidades àqueles que desejam reconstruir o sindicalismo classista, independente e combativo em nossa categoria.

Dezenas de novos militantes surgiram nessa Greve, centenas de trabalhadores voltaram seus olhos para o papel de nossa categoria no cenário sindical e político desse Estado ou retornaram ao movimento depois de tantas desilusões e traições de classe e milhares de profissionais, mesmo que decepcionados com a condução da Greve em sua reta final perceberam a força de mobilização que ainda possuímos.

Não podemos enquanto marxistas, avaliar um movimento de massas apenas pelo seu aspecto reivindicatório e economicista, ou subjugar a pujança desse movimento e todas as suas variantes, por este não ter conseguido maiores vitórias ou não ter chegado aos céus e tomado o poder das mãos da burguesia!

A cada etapa, um processo diferente, a cada processo uma análise à luz do que havia antes e das mudanças que se manifestaram e transformaram a realidade objetiva e subjetiva e a cada mudança o entendimento do que estava em contradição e do que surgiu dessa contradição e se instaurou como o novo ou como a possibilidade do novo.

Sem isso companheiros(as) fica difícil querer fazer uma análise bem feita de nossa Greve, ou de qualquer movimento de massas que se coloque em oposição ao sistema capitalista, mesmo que lutando contra aspectos isolados desse sistema, como é o caso da luta econômica.

No nosso caso, quando a Justiça do Trabalho julgou nossa Greve ilegal e nos colocou na ilegalidade, rasgando a Constituição, passando por cima do Direito de Greve e penalizando a categoria com multa e ameaça de demissões, a Greve da educação assumiu naquele momento um simbolismo nunca antes evidenciado em nosso Estado. Pois já não se tratava mais de uma Greve salarial e contrária ao Governo do PSDB, mas uma Greve de dimensões maiores, pois nossa desobediência à ilegalidade da Justiça e a Magistratura subserviente representava todo o sentimento de resistência do conjunto do funcionalismo do Estado e mesmo do Brasil.

Não podemos nos esquecer que o ex-grevista e sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva, apoiava naquele mesmo momento a decisão do STJ de decretar a ilegalidade da Greve dos Funcionários do IBAMA que se viram constrangidos a recuarem e terminarem o movimento.

Sem dúvidas há muito ainda o que se superar, tanto em nossa estrutura sindical, quanto em nossas táticas de luta e organização, tanto em nossas concepções, quanto em nossas debilidades e vícios... Mas é inegável que após a Greve de 2010 dos educadores de Minas Gerais, uma “nova” lição todos nós reaprendemos na escola da luta de classes:

Só com a luta se muda a vida e só vive de fato aquele que ousa lutar.

Fábio Bezerra (Trabalhador em educação, membro do comando de Greve e da INTERSINDICAL- MG).

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Encontro dos amigos de Cuba!

Encontro dos amigos de Cuba contra a agressão Midiática




A Associação Cultural José Martí - MG convida para o ENCONTRO DOS AMIGOS DE CUBA CONTRA AGRESSÃO MIDIÁTICA a realizar-se no dia

28 de maio- sexta-feira, às 19:30 horas na Casa do Jornalista ,à Av.Álvares Cabral,400.

EXPOSIÇÃO E DEBATE

Imprensa Internacional X Revolução Cubana
Análise da recente ofensiva midiática contra Cuba

Expositores:
Jornalista Beto Almeida - TELESUR
Jornalista Luis Carlos Bernardes - TV Bandeirantes

• 50 anos de Luta, Solidariedade e Integração com os Povos: História do Instituto Cubano de Amizade com os Povos - ICAP
Expositor:
Juan Carlos Machado Barrios - ICAP

• Direitos Humanos - Os cinco heróis cubanos presos injustamente nos EUA
Apresentação de vídeo
Expositor:
José Vieira - ACJM-MG

• Informações sobre a XVIII Convenção Nacional de Solidariedade a Cuba em Porto Alegre-RS nos dias 4, 5 e 6 de junho ( Corpus Christi )
Expositora:
Miriam Gontijo - ACJM-MG

http://associaojosemartimg.blogspot.com/2010/04/encontro-dos-amigos-de-cuba-contra.html?zx=f9400677c7aba7c2.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Um exemplo para o Brasil

Por Fábio Bezerra

Uma aula de Resistência e Luta.

Eram duas horas da tarde desse 18 de Maio e a praça ainda estava vazia, chegava um ali outro aqui e nos olhos de quem era pontual com o horário de início de mais uma assembléia da Greve dos educadores de Minas um misto de ansiedade e angústia se esboçava nos olhares.

A tensão era evidente, pois chegávamos a 42 dias de greve e o Governo resolverá endurecer de vez e lançar talvez a última cartada. Todos os jornais anunciavam que a Greve iria acabar e que o sindicato iria aceitar o acordo do Governo. Muito boato, muito zum, zum, zum e de certo havia apenas a informação que no dia seguinte a ordem de demitir todos(as) os contratados e abrir processo administrativo contra os efetivos seria cumprido a risca.

Mas eis que chega um bumbo, entoando uma nota só com um cordão de educadores agitando-se em zigue e zague chamando a atenção da polícia e lá mais adiante chega um ônibus e dele dessem dezenas de mulheres com os rostos marcados pelo tempo, de semblante altivo e passo firme e não demora muito a praça antes vazia vai se enchendo de graça, de vida, de gente trabalhadora, de força e emoção...

Quarenta e dois dias de luta, de resistência, de enfrentamento e de muita pressão por parte do governo.

Como não resolveu a mentira e a calúnia, veiculadas na imprensa pusilânime e vendida, como se não bastasse os pseudo- projetos de capacho-mor do Governo, que se lançam contra os grevistas, camuflados de representantes de pais de alunos, que só aparecem para falar mal dos educadores e serem contra a Greve, se não bastasse a repressão policial, as infiltrações e perseguições, se não bastasse o descaso e a ingratidão dos fura greves, a letargia de alguns e a omissão de outros, agora veio o Sr. Governador ter uma recaída e achar que é Ditador, impondo a categoria o castigo da demissão caso não cessasse o movimento?!

-Deixa estar!

Foi o que uma auxiliar de serviços gerais repetia a cada acusação feita ao governo e seus comparsas.

Deixa estar... Pois será que ele se esqueceu que essa mesma categoria dobrou o autoritarismo da Ditadura Militar em 79 e contra balas e canhões nós tínhamos apenas a indignação e a coragem e vencemos!

Deixa estar... Pois será que o Governo pensa que é tratando educadores como se fossem criminosos, fora da lei, com chibata e ameaças é que iremos recuar e como cordeirinhos voltar para as escolas, de cabeça baixa e ainda mais humilhados do que já somos? Pois quem pratica crime contra a educação e está fora da lei é o próprio governador que endividou a máquina pública, não cumpre com a lei do Piso Salarial em Minas, engana a população com as maquiagens feitas nas escolas, além de praticar falsidade ideológica quando diz que negocia e investe na educação!

Deixa estar... Pois não deu outra, em menos de uma hora toda a praça estava lotada de vida e dignidade e sem vacilar nossa categoria deu uma aula para o Brasil de como resistir e lutar pela respeito a quem educa e só tem o conhecimento e a palavra como armas contra tanta opressão, safadeza e exploração desferida sobre os trabalhadores(as).

Se vai demitir, então que demita! Gritava um trabalhador.

Se vai cortar, então que corte logo, pois meu salário não enche meu armário! Gritava outro.

E assim de protesto em protesto, de intervenção em intervenção, lado a lado, a multidão foi se aglomerando e no fim das falações o golpe final sobre aqueles que com mentiras e pressões veiculadas na imprensa apostavam fichas no fim da Greve.

Quinze mil punhos cerrados na praça e um longo e estrondante grito de GREVE, GREVE, GREVE, foi a resposta da categoria para todo o mundo ouvir!

Braços cruzados escolas paradas é o resultado da falência do Governo Aécio Neves/ Anastásia (PSDB) que jogou no fundo do posso a educação pública de Minas afetando mais de 500 mil alunos em todo o Estado.

Em Minas ainda se respira liberdade, apesar dos pesados pesares... Ainda se mantém a esperança, apesar do ódio e do medo que foram propagados... Ainda a vida e dignidade, apesar de tentarem nos encarcerar e nos matar com tanta indiferença e hipocrisia.

Estão tentando acabar com o nosso movimento de todas as formas, fazer o que fizeram com nossos companheiros de São Paulo e nos dividir como aconteceu com os companheiros de Belo Horizonte. Mas a GREVE segue forte e quem está na luta segue unido e convencido cada vez mais de quem já não temos mais nada a perder a não ser as correntes da miséria que nos prendeu durante anos ao ostracismo e a senzala ao qual se transformou a educação sob a tutela do Governador encantado e maquiado, que um dia sonhou ser presidente do Brasil e aplicar seu choque de indigestão sobre o restante da nação.

Uma nova página da História da Luta dos trabalhadores (as) está sendo construída com sangue, suor e lágrimas nas ruas desse Estado a fora. Aqueles que ainda insistem em duvidar do poder da classe trabalhadora, da sua disposição e principalmente da sua força e unidade, que vá para as ruas e praças onde estamos dando uma aula de cidadania e luta, para aprender que não se deve subjugar e subestimar uma categoria radicalizada que já não tem mais nada a perder e que quanto mais o governo bate, mais unido, determinado e forte fica o nosso movimento.

Viva a luta dos trabalhadores (as) em educação de Minas.

Viva nossa vitoriosa GREVE.

Fábio Bezerra - (Membro da CPN / CC - PCB - Trabalhador em educação e membro da INTERSINDICAL)

Autocrítica - "A hora é essa"


Em primeiro lugar, temos que fazer autocrítica: Não é correta a relação entre os partidos de esquerda e as organizações estudantis praticada nas últimas duas décadas! É uma relação parasitária, predatória, ou para usar a gíria do movimento estudantil, aparelhista, pois os partidos transformam entidades estudantis (também sindicais, etc.) em “aparelhos” seus. Aparelho era como se chamavam as sedes das organizações de esquerda durante a ditadura, portanto dizer que um partido aparelhou um DCE é dizer que o transformou em sua sede.

Em que um partido dito socialista que controla um DCE como se fosse seu se diferencia dos partidos quadrilhas que controlam a República brasileira como se ela fosse só deles? Em que se diferencia um partido de bandeira vermelha que saqueia um DCE de um partido de bandeira azul que saqueia a República? Nas promessas de que luta pelo socialismo? São somente promessas de boas intenções! No nome? Nas gírias? Na promessa de que quando controlarem a República e não DCE´s e Sindicatos serão melhores que os atuais governantes? Mas se agora mesmo usurpam estudantes e trabalhadores de suas organizações, porque lhes entregariam a República?

Equívoco da tese “crise de direção”

Existem realidades em que o movimento vive uma crise de direção, ou seja, em que o problema é que a direção oficial não consegue dirigir, estando atrasada em relação às supostas bases, logo consegue impedir o surgimento de uma direção real. Porém, o caso em debate é mais difícil de resolver. Sabemos, por acompanhar a história do movimento universitário, que diversas forças já tomaram o aparelho DCE, sempre prometendo que não renovariam o aparelhamento, e ao longo de duas décadas é possível dizer com certeza que algumas gestões o tentaram de fato. Acontece que boas intenções não bastam. O problema central do movimento estudantil não passa por uma falta de caráter, de sem-vergonhice dos diretores. Trata-se de uma crise de organização, portanto não pode ser resolvido com mera troca de pessoas.

Solução na história

Se o objetivo é colocar fim às práticas aparelhistas, é necessário garantir que o poder seja dos estudantes, e não somente dos estudantes desse ou daquele partido. Se faz necessário que existam constantemente fóruns abertos, de fácil participação, e com poder de fato. Ao invés de inventar a roda, observemos a história. A ditadura, obviamente inimiga da democracia não somente no governo da República, mas em todo canto, fez questão de colocar fim às entidades de base. Para garantir que não voltariam a existir, criaram entidades com um universo maior de estudantes, com dinheiro e grandes eleições diretas, os D.A´s e DCE´s. Claro que alguns DCE´s já existiam, como o da UFMG desde 1932, mas era um Conselho de C.A.s, e a ditadura o transformou nesse aparelho que desde então não é mais dos estudantes. Fez isso como? Substituindo o poder das entidades de base por grandes eleições diretas. Aliás, hoje a rede Globo, que apoiou a ditadura até o fim, faz questão de esquecer que essa ditadura gostava bastante de eleições diretas, tendo mantido as eleições municipais, com exceção das capitais, estaduais por quase todo o período, e parlamentares nacionais.

Eleições diretas X eleições diretas

O que propomos não acaba com as eleições diretas. Pelo contrário, pois todos os C.A´s e D.A´s têm tais eleições, que somadas possuem muito mais eleitores que as grandes eleições diretas para DCE, e têm ainda vantagens qualitativas: Nelas o dinheiro é mais fraco, a propaganda pode ser feita até artesanalmente; os partidos podem participar, mas com suas idéias, pois o dinheiro e a máquina partidária, assim como a prática eleitoreira têm seu poder limitado em pequenas eleições; nelas os eleitores conhecem os candidatos de perto, e não pela propaganda.

A máquina de formar carreiristas

O poder das entidades de base é quebrar a máquina que há décadas deforma jovens militantes. A lógica das grandes eleições diretas, como de DCE na UFMG, é de mercado. Não há debate de idéias quase nunca, e as chapas distribuem seus programas, que são quase todos iguais há muitos anos, como se estivessem vendendo alguma coisa. Enaltecem um produto dizendo dele maravilhas que não são possíveis. Camisas, adesivos, programas, panfletos, cartazes, gastam vários milhares de reais. De onde sai esse dinheiro? Se os partidos o fornecem, não o pedirão de volta? E tiram de onde, se não de uma entidade para cobrir os gastos eleitorais de outra? Ou seja, a única crise de direção que existe é dentro dos partidos de esquerda, que têm enviado há décadas os seus militantes para uma prática atrasada – os jovens militantes aprendem a “levantar” dinheiro de fontes inconfessáveis, entram no jogo eleitoral dentro de suas regras marqueteiras, incluindo golpes e fraudes, aprendem a desviar grana de uma entidade para eleições de outra, portanto têm que aprender a esconder essa corrupção com notas falsas. Pretendem nossos grandes dirigentes ditos socialistas ou até comunistas consertar toda essa prática capitalista, que por vezes dura anos, com cursos de formação teórica de alguns dias por ano!!??? Claro que cursos teóricos são fundamentais, mas será que ensinam mais que a prática?? Tais dirigentes acabam perdendo o controle de seus partidos para os carreiristas que eles mesmos criaram. Eis o retrato da degeneração da esquerda brasileira.

A posição dos comunistas

A ÚNICA coisa a perder é tempo! Não é inteligente vacilar, mantendo por mais e mais tempo a corrupção, a inatividade, o aparelhamento, a incompetência, a inexistência. Já existe a história nos provando que o poder das entidades de base é superior ao poder oriundo de grandes eleições diretas. E existe também o DCE da UFSJ, que há vários anos é dirigido pelo Conselho de Entidades de Base (desde 2005), e não confirmou nenhum dos temores dos inimigos do poder das entidades de base, e sim, muito ao contrário, protagonizou muitas conquistas reais do estudantado desta Universidade.

A partir de agora, nossa política tem o objetivo de conquistar o poder das entidades de base, sobre o DCE em primeiro lugar. Ampliaremos este debate pela UFMG, e discutiremos com os defensores deste poder as melhores formas de tal conquista, seja formando uma chapa de DCE, seja propondo um congresso estatuínte. Proporemos um estatuto nesses moldes em todos os fóruns onde exista espaço para isso. Pois estamos convencidos de que o poder das entidades de base é o poder dos estudantes, e que a atual forma de controlar o DCE é o poder do dinheiro e dos profissionais da politicagem.

Movimento A Hora é Essa! UFMG
http://www.ufmgahoraeessa.blogspot.com/

domingo, 9 de maio de 2010

Todo apoio a Greve dos/as Trabalhadores/as em Educação!

Há mais de cinco anos os educadores de Minas estão com seus salários congelados sob péssimas condições de trabalho. O Governo Aécio Neves submeteu a educação em Minas a um dos piores processos de sucateamento. Salas super lotadas, falta de material didático, equipamentos que não funcionam, falta de segurança, são algumas das situações enfrentadas pela categoria de trabalhadores em educação. Para piorar o Choque de Gestão cortou recursos para a educação, retirou direitos e impôs uma avaliação de desempenho que escamoteia o descaso do Estado e joga a culpa do descaso e da crise da educação pública em cima dos trabalhadores(as).

A greve dos educadores de Minas ao contrário dos ataques da imprensa, não é uma greve eleitoreira, mas é a justa expressão de uma categoria que cansou de promessas vazias e do descaso do Governo com a educação. Os educadores tem demonstrado um vigor e acima de tudo muita disposição e unidade para enfrentar, até aqui, todos os ataques que a imprensa, a justiça e a Secretaria de Educação tem implementado contra a greve. Ameaças de demissão, difamações e inverdades divulgadas na mídia e até a cassação do direito de greve com a decretação preventiva de ilegalidade do movimento já foram utilizados para reprimir o movimento. Recentemente o uso da força policial foi outra tentativa desesperada do Governo para sufocar a greve.

Nós da INTERSINDICAL estamos juntos desde o início do movimento com os educadores de Minas e compartilhamos da justa luta pela reivindicação do piso de R$1312,00 para 24 horas/semanais. Essa GREVE que já é a maior dos últimos 10 anos e que tem incomodado o Governo, pois está desmascarando as falácias aos olhos da população, é o maior exemplo de resistência de uma categoria aos ataques dos governos neoliberais e de luta pela valorização do ensino público.

Os últimos ataques do Governo através da justiça e da repressão militar demonstram o desespero em acabar com nosso movimento. Essas armas são típicas de governos em crise que não conseguem dialogar com os trabalhadores (as) e que desejam manter o grau de exploração ou aumentar o arrocho e a retirada de direitos, como acontece nesse momento em países que estão à beira do caos econômico, como é o caso da Grécia, Portugal e Espanha, devido a crise do sistema capitalista.

A INTERSINDICAL estará presente e não evidará esforços para que o movimento consiga atingir seus objetivos.

Viva a luta pela dignidade e valorização da educação pública!
Viva a resistência e a coragem dos grevistas em educação!