quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Alerta contra o golpismo terrorista

Nota Política do Partido Comunista Paraguaio (PCP)

O General Douglas Fraser, chefe do Comando Sul norte-americano, chegou ao Paraguai para "reforçar laços com as Forças Armadas paraguaias", segundo a propaganda imperial.

Fraser foi o principal promotor e defensor da instalação de 7 bases aéreas na Colômbia para reprimir o povo colombiano e para ameaçar e eventualmente agredir os países latino-americanos que optam por uma política independente.

Em nosso país, projeta visitar unidades militares e o Ministério da Defesa, pressionar os chefes institucionais e alentar os golpistas e traidores.

Fraser comandou o golpe de Estado em Honduras que derrubou o Presidente Constitucional democrático e patriótico daquele país centro-americano.

A visita de semelhante chefe militar ianque se dá - que casualidade! - quando também anda por Assunção Mister Arturo Valenzuela, Secretário de Estado adjunto para assuntos latino-americanos de EUA, enviado de Obama.

As informações sobre estes indesejáveis visitantes fazem saber que monitoram "o combate contra o terrorismo e o narcotráfico", máscara da intervenção imperialista em nossas questões internas para perseguir o movimento democrático em nosso continente.

Fraser e Velenzuela chegam em nossa terra para reforçar a febril atividade golpista dos pró-ianques como Federico Franco, Jaeggli, Galaverna, Castiglioni, Nicanor, Lino O. e os agentes da CIA-USAID, que sob a orientação da embaixadora estadunidense Liliana Ayalde, trabalham pela derrota de Lugo, por todos os meios, entre eles através do impeachment.

"ABC", jornal dos golpistas, continua advogando em favor do golpe de Estado, caluniando Fernando Lugo e desinformando sobre a realidade nacional.

Acreditamos que o presidente Lugo não deve fazer concessões como aceitar leis "antiterroristas" contra o povo, dar recompensa aos delatores (pyragües) ou prêmio aos repressores. Ao contrário, deve cumprir seu compromisso de mudanças e assim ganhar o apoio popular.

A propaganda dos conspiradores calunia os camponeses e a condição política da esquerda com a mentira descarada de que assentamentos são campos de adestramento de guerrilheiros. Falam de insegurança e clamam por medidas mais repressivas e terroristas contra o povo.

Fraser e Velenzuela são os chefes do terrorismo e do golpismo...

Nosso povo deve mobilizar-se mais que antes contra as classes dominantes e o imperialismo que ameaçam frustrar o processo de mudanças democráticas e derrotar Fernando Lugo, legítimo presidente do Paraguai.

Defender o processo democrático e libertador por todos os meios, nas ruas, nos assentamentos, nas fábricas, nos bairros, nos colégios, universidades, resistindo e derrotando os golpistas reacionários!

Comissão Política do Partido Comunista Paraguaio

Assunção,17 de dezembro de 2009.

Traduzido por: Dario da Silva.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Do PCB a UJC somos todos sem terra!

Na última quarta-feira (09/12), a defesa da Reforma Agrária, a solidariedade ao MST e a luta contra a criminalização das lutas sociais levou a sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro, a ficar lotada de representantes de partidos, entidades, movimentos, parlamentares, intelectuais e artistas.

O PCB - e a UJC - marcaram presença, mas suas bandeiras com a foice e o martelo não foram vistas. Aliás, não havia ali nenhuma bandeira que não fosse do MST ou da Via Campesina. Afinal, os presentes ocupavam aquele espaço para afirmar em alto e bom som: "Somos todos Sem Terra"! Todos unidos contra a tentativa de criminalizar o Movimento, todos demonstrando aos setores reacionários da sociedade brasileira que o MST não está sozinho em sua luta.

A criminalização das legítimas lutas sociais do MST - objetivo não explicitado que motivou a criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar o Movimento - nos impõe a luta.

Uma luta internacionalista, aliás. Não à toa, o ato foi iniciado com a apresentação de saudações enviadas em vídeos ao MST, e entre elas estava a do escritor uruguaio Eduardo Galeano.

Uma luta que também é de idéias, por uma nova cultura. Todos ouviram "Funeral de um lavrador", ao som das violas, e o poema que Mauro Iasi, do Comitê Central do PCB, escreveu em solidariedade ao MST.

Mauro Iasi ainda fez uso da palavra para defender a posição do PCB: estamos firmes ao lado da luta dos Sem Terra, e não toleraremos qualquer tentativa de desmoralizar o movimento. Além dele, entre outros, também afirmaram sua solidariedade as historiadoras Virginia Fontes e Anita Prestes.

Foi lida no plenário a mensagem que o Secretário Geral do PCB, Ivan Pinheiro, enviou desde Caracas, onde participava da criação de um movimento continental bolivariano, antiimperialista e anticapitalista.

No ato, divulgou-se o Manifesto em Defesa do MST, que aqui republicamos abaixo:

Manifesto em defesa do MST

Contra a violência do agronegócio e a criminalização das lutas sociais. Assinam este manifesto diversos intelectuais, ativistas e lideranças.

As grandes redes de televisão repetiram à exaustão, há algumas semanas, imagens da ocupação realizada por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em terras que seriam de propriedade do Sucocítrico Cutrale, no interior de São Paulo. A mídia foi taxativa em classificar a derrubada de alguns pés de laranja como ato de vandalismo.

Uma informação essencial, no entanto, foi omitida: a de que a titularidade das terras da empresa é contestada pelo Incra e pela Justiça. Trata-se de uma grande área chamada Núcleo Monções, que possui cerca de 30 mil hectares. Desses 30 mil hectares, 10 mil são terras públicas reconhecidas oficialmente como devolutas e 15 mil são terras improdutivas. Ao mesmo tempo, não há nenhuma prova de que a suposta destruição de máquinas e equipamentos tenha sido obra dos sem-terra.

Na ótica dos setores dominantes, pés de laranja arrancados em protesto representam uma imagem mais chocante do que as famílias que vivem em acampamentos precários desejando produzir alimentos.

Bloquear a reforma agrária
Há um objetivo preciso nisso tudo: impedir a revisão dos índices de produtividade agrícola - cuja versão em vigor tem como base o censo agropecuário de 1975 - e viabilizar uma CPI sobre o MST. Com tal postura, o foco do debate agrário é deslocado dos responsáveis pela desigualdade e concentração para criminalizar os que lutam pelo direito do povo. A revisão dos índices evidenciaria que, apesar de todo o avanço técnico, boa parte das grandes propriedades não é tão produtiva quanto seus donos alegam e estaria, assim, disponível para a reforma agrária.

Para mascarar tal fato, está em curso um grande operativo político das classes dominantes objetivando golpear o principal movimento social brasileiro, o MST. Deste modo, prepara-se o terreno para mais uma ofensiva contra os direitos sociais da maioria da população brasileira.

O pesado operativo midiático-empresarial visa isolar e criminalizar o movimento social e enfraquecer suas bases de apoio. Sem resistências, as corporações agrícolas tentam bloquear, ainda mais severamente, a reforma agrária e impor um modelo agroexportador predatório em termos sociais e ambientais, como única alternativa para a agropecuária brasileira.

Concentração fundiária

A concentração fundiária no Brasil aumentou nos últimos dez anos, conforme o Censo Agrário do IBGE. A área ocupada pelos estabelecimentos rurais maiores do que mil hectares concentra mais de 43% do espaço total, enquanto as propriedades com menos de 10 hectares ocupam menos de 2,7%. As pequenas propriedades estão definhando enquanto crescem as fronteiras agrícolas do agronegócio.

Conforme a Comissão Pastoral da Terra (CPT, 2009) os conflitos agrários do primeiro semestre deste ano seguem marcando uma situação de extrema violência contra os trabalhadores rurais. Entre janeiro e julho de 2009 foram registrados 366 conflitos, que afetaram diretamente 193.174 pessoas, ocorrendo um assassinato a cada 30 conflitos no 1º semestre de 2009. Ao todo, foram 12 assassinatos, 44 tentativas de homicídio, 22 ameaças de morte e 6 pessoas torturadas no primeiro semestre deste ano.

Não violência
A estratégia de luta do MST sempre se caracterizou pela não violência, ainda que em um ambiente de extrema agressividade por parte dos agentes do Estado e das milícias e jagunços a serviço das corporações e do latifúndio. As ocupações objetivam pressionar os governos a realizar a reforma agrária.

É preciso uma agricultura socialmente justa, ecológica, capaz de assegurar a soberania alimentar e baseada na livre cooperação de pequenos agricultores. Isso só será conquistado com movimentos sociais fortes, apoiados pela maioria da população brasileira.

Contra a criminalização das lutas sociais

Convocamos todos os movimentos e setores comprometidos com as lutas a se engajarem em um amplo movimento contra a criminalização das lutas sociais, realizando atos e manifestações políticas que demarquem o repúdio à criminalização do MST e de todas as lutas no Brasil.

Assinam esse documento:

· Eduardo Galeano - Uruguai
· István Mészáros - Inglaterra
· Ana Esther Ceceña - México
· Boaventura de Souza Santos - Portugal
· Daniel Bensaid - França
· Isabel Monal - Cuba
· Michael Lowy - França
· Claudia Korol - Argentina
· Carlos Juliá - Argentina
· Miguel Urbano Rodrigues - Portugal
· Carlos Aguilar - Costa Rica
· Ricardo Gimenez - Chile
· Pedro Franco - República Dominicana

Brasil:

· Antonio Candido
· Ana Clara Ribeiro
· Anita Leocadia Prestes
· Andressa Caldas
· André Vianna Dantas
· André Campos Búrigo
· Augusto César
· Carlos Nelson Coutinho
· Carlos Walter Porto-Gonçalves
· Carlos Alberto Duarte
· Carlos A. Barão
· Cátia Guimarães
· Cecília Rebouças Coimbra
· Ciro Correia
· Chico Alencar
· Claudia Trindade
· Claudia Santiago
· Chico de Oliveira
· Demian Bezerra de Melo
· Emir Sader
· Elias Santos
· Eurelino Coelho
· Eleuterio Prado
· Fernando Vieira Velloso
· Gaudêncio Frigotto
· Gilberto Maringoni
· Gilcilene Barão
· Irene Seigle
· Ivana Jinkings
· Ivan Pinheiro
· José Paulo Netto
· Leandro Konder
· Luis Fernando Veríssimo
· Luiz Bassegio
· Luis Acosta
· Lucia Maria Wanderley Neves
· Marcelo Badaró Mattos
· Marcelo Freixo
· Marilda Iamamoto
· Mariléa Venancio Porfirio
· Mauro Luis Iasi
· Maurício Vieira Martins
· Otília Fiori Arantes
· Paulo Arantes
· Paulo Nakatani
· Plínio de Arruda Sampaio
· Plínio de Arruda Sampaio Filho
· Renake Neves
· Reinaldo A. Carcanholo
· Ricardo Antunes
· Ricardo Gilberto Lyrio Teixeira
· Roberto Leher
· Sara Granemann
· Sandra Carvalho
· Sergio Romagnolo
· Sheila Jacob
· Virgínia Fontes
· Vito Giannotti.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Nota Política da Coordenação Nacional da UJC - Brasil



A Coordenação Nacional da União da Juventude Comunista – UJC apresenta para a juventude brasileira, para o conjunto de sua militância, simpatizantes, amigos e aliados uma análise sobre a conjuntura e as lutas da juventude e aponta os eixos de atuação política da UJC para os seis próximos meses que antecedem o V Congresso Nacional da UJC - BRASIL.

A crise continua!

Os impactos da Crise Econômica Mundial acarretam para os trabalhadores e a juventude a perca de direitos, desemprego e o aumento da violência. A Crise continua! E cada vez mais é sentida com o aumento do número de pessoas que passam fome no mundo. Obama segue os planos de Bush dando continuidade a invasão militar dos Estados Unidos e aliados no Iraque e no Afeganistão, ameaçando uma Guerra na península Coreana e no Irã, além de manter o apoio a Israel inviabilizando a criação de um Estado Palestino. Promovendo a guerra em larga escala ainda foi agraciado com o Prêmio Nobel da Paz, quem sabe isso o tenha incentivado a enviar mais 30 mil soldados ianques para o Afeganistão para “pacificar” as lutas da resistência.

Como ressalta a Declaração Política do XIVº Congresso do PCB: “A crise demonstra de maneira cristalina a necessidade de os povos se contraporem à barbárie capitalista e buscarem alternativas para a construção de uma nova sociabilidade humana. Em todo o mundo, com destaque para a América Latina, os povos vêm resistindo e buscando construir projetos alternativos baseados na mobilização popular, procurando seguir o exemplo de luta da heróica Cuba, que ficará na história como um marco da resistência de um povo contra o imperialismo”.
Na América Latina, verifica-se uma crescente rejeição, por parte dos partidos de esquerda, das organizações dos trabalhadores, da juventude, dos movimentos sociais e populares, dos governos da Venezuela, do Equador, de Cuba Socialista e da Bolívia, ao projeto de Álvaro Uribe de favorecer a ampliação das bases militares dos Estados Unidos na Colômbia. Somadas a reativação da Quarta-Frota militar no Atlântico Sul e ao repleto histórico de intervenções políticas e militares na região, as bases militares podem cumprir o papel de fomentar um conflito armado na região ameaçando os países que hoje se contrapõem aos ditames de Washington como Cuba, Equador, Bolívia e Venezuela. A defesa estratégica do Pré-sal, da Amazônia e do Aquífero Guarani faz parte da luta contra o imperialismo.

O golpe militar em Honduras que culminou na deposição do presidente Manuel Zelaya foi uma clara ação contra a construção da Alternativa Bolivariana para os povos da Nossa América (ALBA). A UJC parabeniza e presta apoio militante a iniciativas concretas de solidariedade internacionalista como a da Casa da América Latina que colaboram para a concretização de ações efetivas junto aos movimentos sociais e populares, partidos e organizações políticas hondurenhas com o objetivo de denunciar e colaborar para a retomada do mandato do presidente Manuel Zelaya e a realização de uma constituinte naquele país.

Nossa resposta é a luta!

Uma pauta importante que se apresenta para os trabalhadores e a juventude do Brasil é o debate político sobre o PRÉ-SAL. Os petroleiros em conjunto com os movimentos sociais e populares e a juventude constroem a nível nacional a campanha O PETRÓLEO TEM QUE SER NOSSO! A UJC convoca a juventude brasileira a participar dessa importante campanha nacional envolvendo suas entidades, associações e organizações na construção dos Comitês, ações e mobilizações da campanha. Continuamos firme na denuncia dos leilões criminosos promovidos pela Agência Nacional do Petróleo (Presidida pelo PcdoB) que fatia e vende as riquezas petrolíferas para a iniciativa privada. Defendemos a realização de um plebiscito para termos uma nova Lei do Petróleo que extinga a ANP, acabe com os leilões das bacias petrolíferas, retome o monopólio estatal do petróleo e aponte para a Reestatização da Petrobrás sob o controle dos trabalhadores. Somente desta forma podemos preservar a soberania nacional e assegurar que os extraordinários recursos financeiros que serão gerados pelo pré-sal sejam usados para a solução dos graves problemas sociais brasileiros e não para fortalecer o imperialismo e dar mais lucros ao grande capital.

A crescente criminalização dos movimentos sociais e os assassinatos de militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST são ações preocupantes que devem ser respondidas com o reforço nas ações de solidariedade e apoio militante ao MST. Entendemos que essa ofensiva contra o conjunto dos movimentos sociais, intensificada na criminalização do MST, é nitidamente uma iniciativa dos setores políticos mais conservadores do país, que hoje fazem parte inclusive do Governo Lula.

A UJC vem participando das mobilizações unitárias em conjunto com o PCB e a INTERSINDICAL que estão ocorrendo no Brasil defendendo que os ricos paguem pela CRI$E. Mas também denunciamos aqueles que sob a bandeira da unidade tentam conduzir os movimentos sociais, sindicais e de juventudes ao pacto social, agora “justificado" pela crise. A UJC fortalecerá as ações unitárias, mas buscará construir agendas próprias ou integrando campos progressistas, que identificam na crise questões inerentes do capitalismo. No Brasil defendemos a construção de uma FRENTE ANTICAPITALISTA E ANTIIMPERIALISTA, na perspectiva da formação de um Bloco Revolucionário do Proletariado que aglutine forças na luta pelo socialismo, que vá muito além de meras disputas eleitorais.

Seguimos lutando e criando!

A UJC retomou de forma regular sua participação junto a Federação Mundial das Juventudes Democráticas - FMJD fortalecendo a unidade das organizações de juventudes comunistas e revolucionárias no cenário internacional na luta contra o imperialismo e pelo socialismo. Além da participação no último Festival a UJC vem participando ativamente de reuniões, encontros e seminários da FMJD que ocorrem na América Latina.

Estivemos presentes no Conselho Geral da FMJD em Havana (CUBA) e na reunião regional da FMJD em Santiago (Chile) e vamos construir e participar do XVIIº Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes em 2010 alçando bem alto a bandeira do socialismo.

A UJC esta buscando estreitar cada vez mais seus laços de apoio e solidariedade com suas organizações amigas. O Congresso da Juventude Comunista da Venezuela – JCV realizado no final do mês de agosto do corrente ano sinalizou um importante acúmulo de experiências de lutas importantes para o conjunto das organizações de juventudes comunistas e da esquerda. Saudamos os 80 anos de fundação da Juventude Comunista do Equador – JCE. Compreendemos a importância e o compromisso revolucionário desta organização para o avanço da luta pelo socialismo no Equador e no mundo. Em setembro estivemos novamente presentes no Congresso da Juventude Comunista Paraguaia – JCP, organização com a qual aprofundamos as relações de solidariedade e internacionalismo, avançando nas lutas conjuntas pela soberania energética do Paraguai e na luta contra o latifúndio em nossos países.

A juventude trabalhadora é uma parcela da classe trabalhadora que sofre diretamente com a precarização, o desemprego e outras mazelas do capitalismo. A UJC vem acumulando experiências de organização e luta na organização dos jovens trabalhadores. Seguimos construindo a INTERSINDICAL e impulsionaremos a campanha NENHUM DIREITO A MENOS! AVANÇAR RUMO A NOVAS CONQUISTAS! Entre a juventude trabalhadora. A Coordenação Nacional da UJC convoca seus militantes da Frente de Jovens Trabalhadores a garantir a participação na Plenária Nacional da INTERSINDICAL nos dias 28 e 29 de novembro em Santos-SP, onde iremos realizar uma reunião nacional dos jovens trabalhadores ligados a UJC.

A UJC convoca seus militantes, amigos e simpatizantes a participação no processo de mobilização para a construção de um Seminário Nacional de Reorganização do Movimento Estudantil Secundarista durante o 38º Congresso da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas. A UBES que se destacou nos anos 90 na campanha pelo Fora Collor hoje atua em parceria com o ex-presidente na defesa das políticas compensatórias e focalizadas do governo Lula. Vamos participar do próximo congresso da UBES organizando os estudantes secundaristas e suas entidades de base (Grêmios) em cada estabelecimento de ensino com o objetivo de retomar o importante papel de mobilização e luta do movimento estudantil secundarista brasileiro. Movimento Estudantil Universitário

A destacada atuação unitária das Juventudes Comunistas do Fórum de Unidade dos Comunistas durante o último congresso da União Nacional dos Estudantes através da chapa POR UMA UNIVERSIDADE POPULAR marcou um passo importante no rumo de uma proposta de reorganização da UNE e da construção de um bloco no movimento estudantil brasileiro que prioriza o debate estratégico da construção da Universidade Popular em detrimento da disputa por cargos na direção da UNE e da opção por construir entidades paralelas. Não compartilhamos da visão idealista de que o movimento estudantil, em forte crise, será reorganizado por cima, através de criação de novas entidades, mas sim através de uma forte mobilização envolvendo o conjunto dos estudantes, em torno de propostas e programas claros de uma reestruturação do ME.

A União da Juventude Comunista vem reforçando sua atuação política em importantes universidades do país. Nossa participação nos processos eleitorais das entidades estudantis e nos congressos estudantis das universidades, não é um fim em si mesmo e sim uma possibilidade de potencializarmos o papel de organização e luta dos estudantes a partir do fortalecimento de suas entidades. Para tal, nos processos eleitorais e congressos que participamos buscamos construir um campo político que se contraponha aos campos governistas e paute o debate estratégico da construção da Universidade Popular.

Na UFG vencemos novamente as eleições para a gestão do DCE, enfrentando o boicote patrocinado pelas correntes governistas e a postura sectária de um setor do movimento. CRIAR, CRIAR, A UNIVERSIDADE POPULAR! Foi a palavra de ordem cantada na última ocupação de reitoria.

Em São Paulo mantemos nossa participação na construção do DCE da UNIFESP e estimulamos a organização do Movimento pela base, nos cursos, através dos Centros e Diretórios Acadêmicos e do movimento estudantil de área. Fortalecemos nossa atuação no Movimento Estudantil de Área, contribuindo com formulações no tocante a temas relacionados a saúde pública. Na USP TODO CARNAVAL TEM SEU FIM! É o nome de nossa chapa composta por militantes da UJC e estudantes independentes. Desde a ocupação da reitoria em 2007 ampliamos e qualificamos nossa intervenção política. A USP vem sofrendo vários ataques do Governo de José Serra, as mobilizações dos professores, técnicos administrativos e estudantes cresceram nos últimos anos.

No estado de Minas Gerais apoiamos a mobilização dos trabalhadores da Universidade Estadual de Minas Gerais contra o Governo Aécio Neves e estamos nos preparando para uma disputa contra a juventude do PSDB nas eleições para o Diretório Acadêmico da Faculdade de Educação - UEMG. Na UFMG após um processo eleitoral despolitizado e marcado por manobras políticas anti-democráticas que inviabilizaram nossa participação enquanto chapa e garantiu a vitória do campo governista,faz-se necessário a recomposição do campo de oposição a direção do DCE. Seguimos defendendo a realização de um Congresso dos Estudantes da UFMG para que neste congresso o movimento estudantil organizado possa construir uma plataforma de lutas pautada pela construção da UNIVERSIDADE POPULAR.
Na UERJ não participamos do processo eleitoral e denunciamos o acordo feito entre setores governistas com um setor da esquerda que constrói uma nova entidade. Retomamos nossa atuação na UERJ e somamos força na construção de um campo de oposição ao Governo de Sérgio Cabral.

Em Pernambuco participamos ativamente do Congresso dos Estudantes da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) debatendo e combatendo posicionamentos anarcóides e pós-modernos que apontam para o fim das entidades estudantis. Na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) a cobrança de taxas é uma constante – seja na matrícula, no histórico escolar ou mesmo na expedição da 1º via do diploma de graduação. Enquanto militantes comunistas e defensores de um modelo educacional crítico e libertador, não aceitamos tal absurdo silenciosamente. É o nosso papel a organização dos estudantes para lutar contra as cobranças de taxas em universidades públicas e lutar pela construção de uma educação comprometida com as transformações necessárias e revolucionárias em nossa sociedade.
Na UFRGS, apoiamos a CHAPA 2 buscando manter o DCE na resistência aos ataques do Governo de Yeda Crusius a universidade e aos movimentos sociais. Na UFSM participamos da construção uma importante referência de esquerda no ME, que mesmo derrotada nas eleições para o DCE, politizou o debate e criou uma alternativa política de esquerda junto aos estudantes. Fortalecemos ainda nossa atuação na UFSC, denunciamos as manobras antidemocráticas feitas no Conselho de Entidades de Base e seguimos atuando em parceria com os movimentos sociais e pautando o debate estratégico da Universidade Popular.

A UJC esta retomando sua atuação no movimento de área fazendo o debate sobre as questões pertinentes a formação profissional na perspectiva da luta contra-hegemônica em relação ao capital. Participamos neste ano de vários encontros e buscaremos ampliar nossa participação nas executivas e federações de cursos, nos conselhos regionais e nacionais de entidades e no Fórum de Executiva e Federações de Cursos.

Os coletivos e núcleos de cultura da UJC estão desenvolvendo importantes atividades de cunho político e cultural pelo país. O Bloco Comuna que pariu! se prepara para sair novamente no carnaval do Rio de Janeiro, em Goiás o debate sobre Cultura Popular ganha cada vez mais fôlego, em Brasília a experiência do Teatro do Oprimido vem ampliando seus horizontes, Sábados vermelhos, Sexta Popular de Cultura e shows com bandas alternativas, são importantes experiências, que também levantam as bandeiras da União Juventude Comunista em diversos estados do país.

Ampliamos o núcleo da UJC em Cuba, denominado Carlos Marighela, que organiza estudantes brasileiros da Escola Latino-Americana de Medicina e da Escola Internacional Salvador Allende. Os jovens comunistas que estudam e vivem em Cuba, contribuem na construção do Socialismo na Ilha e nas lutas contra o Bloqueio e pela Liberdade dos 5 Heróis Cubanos.

Saudamos a realização do XIVº Congresso Nacional do Partido Comunista Brasileiro – PCB, organização da qual surge a União da Juventude Comunista e a qual a UJC possui vínculos políticos-ideológicos inquebrantáveis. A reconstrução revolucionária do PCB é uma conquista para a juventude e classe trabalhadora do Brasil e do mundo e nesses marcos, a própria reorganização da UJC em 2005, foi e é uma parte importante.

Construir o V Congresso: tarefa dos jovens comunistas

A Coordenação Nacional da UJC convoca seus militantes a começarem desde já os preparativos para o V Congresso Nacional da União da Juventude Comunista que se realizará nos dias 02, 03 e 04 de abril de 2010, na cidade de Goiânia/GO. O reforço na construção política e material da organização, a participação nas lutas políticas da juventude brasileira e a atenção na consecução das tarefas e objetivos traçados são peças fundamentais na consolidação da UJC a nível nacional como organização da juventude comunista na luta pelo socialismo no Brasil e no mundo.
A UJC mais do que nunca escreve em suas bandeiras e flâmulas: Fomos, Somos e Seremos Comunistas.

Viva a União da Juventude Comunista!
Viva o V Congresso Nacional da UJC!

COORDENAÇÃO NACIONAL DA UNIÃO DA JUVENTUDE COMUNISTA

Rio de Janeiro – RJ – Brasil – Novembro de 2009

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

O PCB e a reflexão política

A origem do texto abaixo é de nossos camaradas do blog http://autocritica-ujc.blogspot.com/.

O PCB e a reflexão política

A discussão marxista no partido deve compreender elementos internos de cada célula e suas experiências, com o objetivo de possibilitar uma articulação que generalize e difunda com maior eficiência nossa ação política. Dessa forma, os combates ideológicos da esfera pública burguesa devem encaradas numa perspectiva crítica, visando a transformação e a evolução da representatividade política em todos os espaços de atuação do partido na sociedade.

Quando levantamos uma discussão desse porte, apontamos para as causas degenerativas nas quais o comunista, ao se associar com determinadas práticas espontaneístas, corruptas e politiqueiras, pode se aderir ideologicamente a uma concepção burguesa, negando como objetivo a discussão na perspectiva do marxismo-leninismo e da transformação social, mesmo que involuntariamente.

Lênin nos ensinou que a luta econômica contra a burguesia, somente visando melhorias materiais de reivindicação espontânea não é suficiente para que a classe trabalhadora seja compreendida como sujeito histórico ativo. Ou seja, é fundamental ampliar a nível político as discussões sobre a realidade. Segundo Gramsci, é necessário elevar a discussão "econômico-corporativa" para um entendimento global da sociedade,através da crítica da superestrutura liberal, edificada a partir da luta de classes e da dominação do Estado burguês.

No caso do movimento estudantil, por exemplo, assistimos um período de crise política nos DCE's e entidades gerais (UNE, CONLUTE, etc.). Uma vez que o aparelhamento e a degeneração dos partidos políticos tornou-se uma norma nas escolas e universidades. A União da Juventude Socialista, órgão estudantil do Partido Comunista do Brasil (PC do B), exemplo clássico da degeneração, compõe a direção majoritária da UNE há mais de dez anos. O "reinado pecedobista" foi solidificado através das práticas burguesas de ação política, despolitizando o debate do movimento estudantil nas bases em que atua por meio da promoção de congressos carnavalescos. Atrofiando, portanto, o debate amplo para a transformação social da realidade precária em que se encontram algumas universidades e a marginalização dos estudantes nessas instituições.

Nesse sentido, como nós comunistas devemos nos portar diante da degeneração política dos movimentos sociais? Como construir uma união dialética dos grupos subalternos na perspectiva de um bloco histórico do proletariado, sem que coloquemos uma posição contestadora à representatividade burguesa? Como fazer com que a "representação" se torne "atuação" na sociedade?

Ser partido, no sentido colocado pela tradição marxista, se relaciona essencialmente com uma discussão interna bem consolidada. A teoria marxista deve ser compreendida através do método dialético e a capacidade de superar os limites históricos do capitalismo. Contudo, jamais devemos aceitar a cristalização e o dogmatismo. As discussões internas são saudáveis para um partido como o PCB, que visa ampliar suas bases por meio de uma dialética entre a qualidade e a quantidade de seus intelectuais.

Para tanto, o desenvolvimento intelectual deve ser colocado em oposição ao burocratismo. A liberdade de crítica e a dialética são a vida do partido, sem isso, não há a possibilidade de esclarecimento e, no entanto, prevalece a ideologia ( aqui entendida no seu sentido negativo e alienante) da revelação. A teoria se torna dogma e o partido degenera-se, tornando-se religião.

Portanto, para que acabemos com a barbárie capitalista e nos tornemos "homens-coletivos" é preciso, nas palavras de Gramsci: "criticar toda a filosofia até hoje existente".

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Verdadeiras intenções por trás do Acordo Militar EUA-Colômbia

Por Eva Golinger [*]

Um documento oficial do Departamento da Força Aérea dos EUA revela que a base militar de Palanquero na Colômbia providenciará ao Pentágono "uma oportunidade de conduzir operações de todo o tipo na América do Sul." Esta informação contradiz as explicações dadas pelo presidente colombiano Álvaro Uribe e o Departamento de Estado dos EUA relativas ao acordo militar assinado entre as duas nações no passado dia 30 de Outubro. Ambos governos afirmaram publicamente que o acordo militar se cinge a operações anti-tráfico e anti-terroristas dentro do território colombiano. O presidente Uribe reiterou numerosas vezes que o acordo militar com os EUA não afectará os vizinhos da Colômbia, apesar da preocupação existente na região quanto aos seus verdadeiros objectivos. Mas, o documento da Força Aérea Norte-Americana, datado de Maio de 2009, confirma que as preocupações das nações sul americanas não eram indevidas. O documento expõe que a verdadeira intenção por trás do acordo é de permitir que os EUA lancem "operações militares de todo o tipo numa sub-região crítica do nosso hemisfério, onde a segurança e a estabilidade estão sob ameaça constante de movimentos insurgentes financiados pelo narcotráfico (...) e de governos anti-EUA."

O acordo militar entre Washington e a Colômbia autoriza o acesso e o uso de sete instalações militares em Palaquero, Malambo, Tolemaid, Larandia, Apíay, Cartagena e Málaga. Para além disso, o acordo autoriza "o acesso e o uso, segundo a necessidade, de outras instalações e locais" na Colômbia, sem restrições. Juntamente com a total imunidade, o acordo prevê que os militares e civis norte-americanos, incluindo forças privadas de defesa e segurança, estejam autorizados a utilizar qualquer instalação do país – incluindo aeroportos comerciais – para fins militares, o que significa a renúncia completa da soberania colombiana e oficialmente converte a Colômbia num Estado-cliente dos EUA.

O documento da Força Aérea sublinha a importância da base militar em Palanquero e justifica os 46 milhões de dólares pedidos no orçamento de 2010 (agora aprovado pelo Congresso norte-americano) para melhoria da pista e das instalações associadas, de forma a torná-la um Local de Segurança Cooperativa (Cooperative Security Location, CSL). "Estabelecer um CSL em Palanquero adequa-se melhor à Postura Estratégica no Teatro de operações do Comando Combatente (Command Combatant, COCOM) e demonstra o nosso empenho nesta relação. O desenvolvimento deste CSL cria uma oportunidade única para lançar operações militares de todo o tipo numa sub-região crítica do nosso hemisfério, onde a segurança e a estabilidade estão sob ameaça constante de movimentos insurgentes financiados pelo narcotráfico, de governos anti-EUA, de pobreza endémica e de desastres naturais recorrentes."

Não é difícil imaginar que governos na América do Sul são considerados por Washington como "governos anti-EUA". As constantes posições e declarações agressivas emitidas pelos Departamentos de Estado e de Defesa contra a Venezuela e a Bolívia, e até certo grau contra o Equador, evidenciam que as nações da ALBA são as que Washington descreve como "ameaça permanente". Classificar um país de "anti-EUA" é considerá-lo como inimigo dos Estados Unidos. Neste contexto, torna-se óbvio que o acordo militar com a Colômbia é uma reacção dos EUA a uma região que agora considera pejada de "inimigos".

A luta contra o narcotráfico é secundária

Segundo o documento da Força Aérea dos EUA, "O acesso à Colômbia vai aprofundar a sua parceria estratégica com os Estados Unidos. A forte relação de cooperação em segurança também oferece uma oportunidade de conduzir operações de todo o tipo na América do Sul, incluindo o reforço das capacidades de combate ao narcotráfico". Torna-se evidente por esta afirmação que a luta contra o narcotráfico é secundária relativamente aos verdadeiros objectivos do acordo militar entre a Colômbia e Washington. Novamente, há aqui um claro contraste com as repetidas declarações dos governos de Uribe e Obama insistindo que o objectivo principal do acordo é combater o narcotráfico. A Força Aérea sublinha antes a necessidade de melhorar as operações militares de todo o tipo na América do Sul – não apenas na Colômbia – de maneira a combater as "ameaças constantes" de "governos anti-EUA" na região.

Palaqueros é a melhor opção para uma mobilidade continental

O documento da Força Aérea explica que "Palaquero é sem dúvida o melhor local para investir no desenvolvimento de infra-estruturas dentro da Colômbia. A sua localização central permite alcançar (...) áreas de operações (...) [e] o seu isolamento maximiza a Segurança Operacional (Operational Security, OPSEC) e Protecção da Força ajudando a minimizar o perfil da presença militar dos EUA. A intenção é rentabilizar a infra-estrutura existente ao máximo possível, melhorar a capacidade dos EUA de responder rapidamente a uma crise e assegurar acesso e presença regional a menor custo. [A base de] Palanquero apoia a mobilidade da missão por providenciar acesso facilitado a todo o continente sul-americano, com excepção do Cabo Horn (...) "

Espionagem e guerra

Adicionalmente, este documento confirma que a presença militar norte-americana em Palanquero vai melhorar a capacidade de operações de espionagem e de recolha de informação, e vai permitir o aumento da capacidade de combate na região das forças armadas norte-americanas. "O desenvolvimento deste CSL vai aprofundar a parceria estratégica forjada entre os EUA e a Colômbia e é do interesse das duas nações (...) Presença que também alargará a nossa capacidade de desencadear operações de recolha de informação, vigilância e reconhecimento (Intelligence, Surveillance and Reconnaissance, ISR), melhorar o alcance global, suprir necessidades logísticas, melhorar parcerias, melhorar a cooperação de segurança em teatros de operações e expandir a capacidade de operações expedicionárias".

A linguagem de guerra incluída neste documento evidencia as verdadeiras intenções do acordo militar entre Washington e Colômbia: estão a preparar-se para uma guerra na América Latina. Os últimos dias foram recheados de conflito e tensão entre a Colômbia e a Venezuela. Há poucos dias, o governo venezuelano capturou três espiões do Departamento Administrativo de Segurança (DAS) – a agência de serviços secretos colombiana – e descobriu diversas operações de espionagem e destabilização contra Cuba, Equador e Venezuela. As operações – 'Fénix', 'Salomón' e 'Falcón', respectivamente – foram reveladas em documentos encontrados com os agentes da DAS capturados. Há aproximadamente duas semanas, 10 corpos foram encontrados em Táchira, uma zona fronteiriça com a Colômbia. Completadas as investigações necessárias, o governo venezuelano concluiu que os corpos pertenciam a paramilitares colombianos infiltrados em território venezuelano. Esta perigosa infiltração paramilitar colombiana faz parte de um plano de destabilização contra a Venezuela que procura criar um estado paramilitar dentro do território venezuelano, de maneira a enfraquecer o governo do presidente Chávez.

O acordo militar entre Washington e a Colômbia virá apenas aumentar as tensões regionais e a violência. A informação revelada pelo documento da Força Aérea dos EUA evidencia de forma inquestionável que Washington procura promover um estado de guerra na América do Sul, utilizando a Colômbia como rampa de lançamento. Antes da declaração de guerra, os povos da América Latina devem permanecer fortes e unidos. A integração Latino-Americana é a melhor defesa contra a agressão do império.

*O documento da Força Aérea dos EUA foi submetido em Maio de 2009 ao Congresso norte-americano como parte da justificação do orçamento para 2010. É um documento oficial do governo e atesta a autenticidade do "Livro Branco: Estratégica Global em curso do Comando de Mobilidade Aérea dos EUA" White Book: Global Enroute Strategy of the US Air Mobility Command), que foi denunciado pelo presidente Chávez no encontro da UNASUL em Bariloche na Argentina no passado dia 28 de Agosto. Coloquei o documento original e a tradução não oficial para castelhano que efectuei das partes relevantes do documento referentes a Palanquero no site do Centro de Alerta para a Defesa dos Povos (Centro de Alerta para la Defensa de los Pueblos), um novo espaço que estamos a criar para garantir que a informação estratégica está disponível para aqueles que se encontram sob permanente ameaça de agressão imperialista.

06/Novembro/2009

Documento original em inglês: www.centrodealerta.org/ Tradução não oficial para castelhano: www.centrodealerta.org/

[*] Promotora federal de Nova York, vive em Caracas desde 2005. Autora de "The Chávez Code: Cracking US Intervention in Venezuela", "Bush vs. Chávez: Washington's War on Venezuela", "The Empire's Web: Encyclopedia of Interventionism and Subversion"; "La Mirada del Imperio sobre el 4F: Los Documentos Desclasificados de Washington sobre la rebelión militar del 4 de febrero de 1992"

O original encontra-se em http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=15951 e em
Postcards from the Revolution . Traduzido pelo colectivo Leitura Capital.

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Seminário estadual da Intersindical!


Sem Terra continuam jornada de lutas no Pará

O MST do Pará continua a jornada de lutas contra a lentidão do processo de Reforma Agrária, pelo assentamento das 2 mil famílias acampadas no estado e por obras de infra-estrutura nos assentamentos antigos.

Os protestos denunciam o uso de milícias armadas pelo latifúndio e defende a agilização da retomada de terras griladas. "A retomada das terras griladas está parada e os latifundiários estão utilizando milícias armadas para intimidar as famílias Sem Terra", denuncia integrante da coordenação nacional do MST, Maria Raimunda César.

Nesta quinta-feira (5/11), mais de mil famílias chegaram ao acampamento na Curva do S, palco do Massacre de Eldorado dos Carajás. Os Sem Terra devem permanecer até dia 13 de novembro no local, quando terminarem as negociações com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Cerca de 400 Sem Terra fizeram um protesto na estrada que liga os municípios de Parauapebas e Canaã dos Carajás para cobrar a retomada de áreas griladas na região.

No município de Tucuruí, cerca de 70 famílias ocupam o Incra em protesto contra a invasão de um assentamento por madeireiros, que estão fazendo o corte de madeira. No começo do ano, o Incra desapropriou a fazenda Piratininga, no município de Tucuruí, que seria organizado no modelo extrativista. Em vez de lotes, as 120 famílias morariam em uma agrovila e trabalhariam de forma coletiva nas terras, por meio de técnicas ecológicas. As terras do assentamento foram invadidas por jagunços armados, a mando de madeireiros, que estão fazendo o corte da madeira e a devastação das terras.

“Estamos cobrando uma atitude das autoridades diante da violência dos madeireiros. As famílias do MST foram obrigadas a sair do assentamento porque não tinham tranqüilidade para trabalhar e para impedir que a culpa do desmatamento recaísse sobre o nosso movimento”, denuncia a integrante da coordenação nacional do MST Maria Raimunda.

No município de Sapucaia, cerca de 250 famílias fizeram um ato na sede da fazenda Rio Vermelho, que tem parte ocupada desde 2006. O Incra fez a vistoria da área no ano passado e concluiu que a terra é da União. Os Sem Terra reivindicam a devolução da área. No momento, as famílias se encontram na beira da estrada e esperam que as autoridades responsáveis agilizem a retomada da terra.

Sobre acusações

O MST do Pará nega as acusações de depredação de duas fazendas ocupadas pelo Movimento nesta quarta-feira (4/11). “Fizemos protestos pacíficos para cobrar a retomada das áreas griladas. Não houve destruição nem depredação. Os latifundiários querem estigmatizar os nossos protestos como violentos para impedir as lutas sociais e manter suas terras griladas”, esclarece Maria Raimunda.

Em relação às fotos divulgadas, a dirigente do MST questiona a autenticidade. “Não há nenhuma garantia de que as famílias do nosso movimento foram responsáveis pelo que está nas fotos nem que foram tiradas depois dos nossos protestos”.

Foi realizado um ato pacífico na sede da Fazenda Maria Bonita (Eldorado dos Carajás), do grupo Santa Bárbara, de ropriedade do banqueiro Daniel Dantas. Essa fazenda está ocupada desde julho de 2008 por 450 famílias que cobram a retomada da área que, de acordo com estudo do Iterpa (Instituto de Terras do Pará), é grilada. Depois do ato, as famílias fizeram um protesto na rodovia PA-150.

Na semana passada, quatro pessoas foram sequestradas por milícias armadas financiadas por latifúndiários e pelo agronegócio. Nos últimos meses, mais de 18 trabalhadores foram baleados por ações desses grupos. "Essas milícias são clandestinas e atuam no sentido de combater os movimentos sociais do campo e perseguir os trabalhadores acampados”, explica.

http://www.mst.org.br/node/8535.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

XIV congresso do PCB - Outros outubros virão!

(Declaração Política do XIV Congresso do PCB)

Rio de Janeiro, outubro de 2009

Nascemos em 1922 e trazemos marcadas as cicatrizes da experiência histórica de nossa classe, com seus erros e acertos, vitórias e derrotas, tragédias e alegrias. É com esta legitimidade e com a responsabilidade daqueles que lutam pelo futuro que apresentamos nossas opiniões e propostas aos trabalhadores brasileiros.Os comunistas brasileiros, reunidos no Rio de Janeiro, nos dias 9 a 12 de outubro, no XIV Congresso Nacional do Partido Comunista Brasileiro (PCB), avaliamos que o sistema capitalista é o principal inimigo da humanidade e que sua continuidade representa uma ameaça para a espécie humana. Por isso, resta-nos apenas uma saída: superar revolucionariamente o capitalismo e construir a sociedade socialista, como processo transitório para emancipação dos trabalhadores, na sociedade comunista.Uma das principais manifestações dos limites históricos do capitalismo é a atual crise econômica mundial, que revelou de maneira profunda e didática todos os problemas estruturais desse sistema de exploração de um ser humano por outro: suas contradições, debilidades, capacidade destruidora de riqueza material e social e seu caráter de classe. Enquanto os governos capitalistas injetam trilhões de dólares para salvar os banqueiros e especuladores, os trabalhadores pagam a conta da crise com desemprego, retirada de direitos conquistados e aprofundamento da pobreza.Mesmo feridos pela crise, os países imperialistas realizam uma grande ofensiva para tentar recuperar as taxas de lucro e conter o avanço dos processos de luta popular que vêm se realizando em várias partes do mundo. Promovem guerras contra os povos, como no Iraque e no Afeganistão, armam Israel para ameaçar a população da região e expulsar os palestinos de suas terras. Na América Latina, desenvolvem uma política de isolamento e sabotagem dos governos progressistas da região, com a reativação da IV Frota e a transformação da Colômbia numa grande base militar dos Estados Unidos. Toda essa estratégia visa a ameaçar Venezuela, Bolívia, Equador, Cuba e até mesmo países cujos governos não se dispõem a promover profundas mudanças sociais, como é o caso do Brasil, tudo para garantir o controle das extraordinárias riquezas do continente, entre elas o Pré-Sal, a Amazônia, a imensa biodiversidade e o Aquífero Guarani.A escalada de violência do imperialismo contra os povos, agravada pela crise do capitalismo e por sua necessidade de saquear as riquezas naturais dos países periféricos e emergentes acentua a necessidade de os comunistas colocarmos na ordem do dia o exercício do internacionalismo proletário. Episódios recentes, como a tentativa de separatismo na Bolívia, os covardes crimes contra a humanidade na Faixa de Gaza, o golpe em Honduras, as ameaças ao Irã e à Coreia do Norte somam-se ao permanente bloqueio desumano a Cuba Socialista, a uma década de manobras com vistas à derrubada do governo antiimperialista na Venezuela e à ocupação do Iraque e do Afeganistão.O PCB continuará no Brasil com sua consequente solidariedade aos povos em suas lutas contra o capital e o imperialismo, independentemente das formas que as circunstâncias determinem. O papel ímpar do PCB na solidariedade aos povos em luta se radica na sua independência política com relação ao governo brasileiro e na sua visão de mundo internacionalista proletária.A crise demonstra de maneira cristalina a necessidade de os povos se contraporem à barbárie capitalista e buscarem alternativas para a construção de uma nova sociabilidade humana. Em todo o mundo, com destaque para a América Latina, os povos vêm resistindo e buscando construir projetos alternativos baseados na mobilização popular, procurando seguir o exemplo de luta da heróica Cuba, que ficará na história como um marco da resistência de um povo contra o imperialismo.Nós, comunistas brasileiros, temos plena consciência das nossas imensas responsabilidades no processo de transformação que está se desenvolvendo na América Latina, não só pelo peso econômico que o Brasil representa para a região, mas também levando em conta que vivemos num país de dimensões continentais, onde reside o maior contingente da classe trabalhadora latino-americana. Consideramo-nos parte ativa desse processo de transformação e integrantes destemidos da luta pelo socialismo na América Latina e em todo o mundo.Nesse cenário, o Estado brasileiro tem jogado papel decisivo no equilíbrio de forças continentais, mas na perspectiva da manutenção da ordem capitalista e não das mudanças no caminho do socialismo. Tendo como objetivo central a inserção do Brasil entre as potências capitalistas mundiais, o atual governo, em alguns episódios, contraria certos interesses do imperialismo estadunidense. No entanto, estas posturas pontualmente progressistas buscam criar um terceiro pólo de integração latino-americana, de natureza capitalista. Ou seja, nem ALCA, nem ALBA, mas sim a liderança de um bloco social-liberal, em aliança com países do Cone Sul, dirigidos por forças que se comportam também como uma "esquerda responsável", confiável aos olhos do imperialismo e das classes dominantes locais, contribuindo, na prática, para aprofundar o isolamento daqueles países que escolheram o caminho da mobilização popular e do enfrentamento.O respaldo institucional a alguns governos mais à esquerda na América Latina tem sido funcional à expansão do capitalismo brasileiro, que se espalha por todo o continente, onde empresas com origem brasileira se comportam como qualquer multinacional. Como o objetivo central é a inserção do Brasil como potência capitalista, o governo Lula não hesita em adotar atitudes imperialistas, como comandar a ocupação do Haiti para garantir um golpe de direita, retaliar diplomaticamente o Equador para defender uma empreiteira brasileira ou promover exercícios militares com tiro real na fronteira com o Paraguai, para defender os latifundiários brasileiros da soja diante do movimento camponês do país vizinho e manter condições leoninas no Tratado de Itaipu.O capitalismo brasileiro é parte do processo de acumulação mundial e integrante do sistema de poder imperialista no mundo, ressaltando-se que as classes dominantes brasileiras estão umbilicalmente ligadas ao capital internacional. A burguesia brasileira não disputa sua hegemonia com nenhum setor pré-capitalista. Pelo contrário: sua luta se volta fundamentalmente na disputa de espaços dentro da ordem do capital imperialista, ainda que se mantenha subordinada a esta, inclusive no sentido de evitar a possibilidade de um processo revolucionário, no qual o proletariado desponte como protagonista.Apesar de ainda faltarem condições subjetivas – sobretudo no que se refere à organização popular e à contra-hegemonia ao capitalismo – entendemos que a sociedade brasileira está objetivamente madura para a construção de um projeto socialista: trata-se de um país em que o capitalismo se tornou um sistema completo, monopolista, capaz de produzir todos os bens e serviços para a população. Uma sociedade em que a estrutura de classes está bem definida: a burguesia detém a hegemonia econômica e política, o controle dos meios de comunicação e o aparato estatal, enquanto as relações assalariadas já são majoritárias e determinantes no sistema econômico. Formou-se, assim, um proletariado que se constitui na principal força para as transformações sociais no País.Do ponto de vista político e institucional, o Brasil possui superestruturas tipicamente burguesas, em pleno funcionamento: existe um ordenamento jurídico estabelecido, reconhecido e legitimado, com instituições igualmente consolidadas nos diferentes campos do Estado, ou seja, no Executivo, no Legislativo e no Judiciário. Formou-se também uma sociedade civil burguesa, enraizada e legitimada, que consolidou a hegemonia liberal burguesa, mediante um processo que se completa com poderosa hegemonia na informação, na organização do ensino, da cultura, elementos que aprimoram e fortalecem a dominação ideológica do capital no país.Portanto, sob todos os aspectos, o ciclo burguês já está consolidado no Brasil. Estamos diante de uma formação social capitalista desenvolvida, terreno propício para a luta de classes aberta entre a burguesia e o proletariado. De um lado, está o bloco conservador burguês, formado pela aliança entre a burguesia monopolista associada ao capital estrangeiro e aliada ao imperialismo, a burguesia agrária com o monopólio da terra, a oligarquia financeira, com o monopólio das finanças, além de outras frações burguesas que permeiam o universo da dominação do capital.Esta hegemonia do bloco conservador adquiriu maior legitimidade para implantar as políticas de governabilidade e governança necessárias à consolidação dos interesses do grande capital monopolista, com a captura de um setor político, representante da pequena burguesia e com ascendência sobre importante parte dos trabalhadores, uma vez que se tornava essencial neutralizar a resistência destes e das camadas populares, através da cooptação de parte de suas instituições e organizações.Do outro lado, está o bloco proletário, hoje submetido à hegemonia passiva conservadora. Ainda que resistindo, encontra-se roubado de sua autonomia e independência política, acabando por servir de base de massa que sustenta e legitima uma política que não corresponde a seus reais interesses históricos. Constituído especialmente pela classe operária, principal instrumento da luta pelas transformações no país, pelo conjunto do proletariado da cidade e do campo, pelos movimentos populares e culturais anticapitalistas e antiimperialistas, por setores da pequena burguesia, da juventude, da intelectualidade e todos que queiram formar nas fileiras do bloco revolucionário do proletariado, em busca da construção de um processo para derrotar a burguesia e seus aliados e construir a sociedade socialista.O cenário da luta de classes no âmbito mundial e suas manifestações em nosso continente latino-americano, o caráter do capitalismo monopolista brasileiro e sua profunda articulação com o sistema imperialista mundial, as características de nossa formação social como capitalista e monopolista, a hegemonia conservadora e sua legitimação pela aliança de classes de centro-direita, os resultados deste domínio sobre os trabalhadores e as massas populares no sentido da precarização da qualidade de vida, desemprego, crescente concentração da riqueza e flexibilização de direitos nos levam a afirmar que o caráter da luta de classes no Brasil inscreve a necessidade de uma ESTRATÉGIA SOCIALISTA.São essas condições objetivas que nos permitem definir o caráter da revolução brasileira como socialista. Afirmar o CARÁTER SOCIALISTA da revolução significa dizer que as tarefas colocadas para o conjunto dos trabalhadores não podem ser realizadas pela burguesia brasileira, nem em aliança com ela. Estas tarefas só poderão ser cumpridas por um governo do Poder Popular, na direção do socialismo. O desenvolvimento das forças materiais do capitalismo no Brasil e no mundo permite já a satisfação das necessidades da população mundial, mas está em plena contradição com a forma das relações sociais burguesas que acumulam privadamente a riqueza socialmente produzida, cujo prosseguimento ameaça a produção social da vida, a natureza e a própria espécie humana.A forma capitalista se tornou antagônica à vida humana. Para sobreviver, o capital ameaça a vida; portanto, para manter a humanidade devemos superar o capital. É chegada a hora, portanto, de criar as condições para a revolução socialista.Nas condições de acirramento da luta de classes em nosso país, as lutas específicas se chocam com a lógica do capital. A luta pela terra não encontra mais como adversário o latifúndio tradicional, mas o monopólio capitalista da terra, expresso no agronegócio. A luta dos trabalhadores assalariados se choca com os interesses da burguesia, acostumada às taxas de lucros exorbitantes e à ditadura no interior das fábricas. A luta ecológica se choca com a depredação do meio ambiente, promovida pelo capital. As lutas dos jovens, das mulheres, dos negros, das comunidades quilombolas, índios, imigrantes e migrantes se chocam com a violência do mercado, seja na desigualdade de rendimentos, no acesso a serviços elementares, à cultura e ao ensino, porque o capital precisa transformar todas as necessidades materiais e simbólicas em mercadoria para manter a acumulação, ameaçando a vida e destruindo o meio ambiente.A definição da estratégia da revolução como socialista não significa ausência de mediações políticas na luta concreta, nem é incompatível com as demandas imediatas dos trabalhadores. No entanto, a estratégia socialista determina o caráter da luta imediata e subordina a tática à estratégia e não o inverso, como formulam equivocadamente algumas organizações políticas e sociais. Pelo contrário, os problemas que afligem a população, como baixos salários, moradia precária, pobreza, miséria e fome, mercantilização do ensino e do atendimento à saúde, a violência urbana, a discriminação de gênero e etnia, são manifestações funcionais à ordem capitalista e à sociedade baseada na exploração. A lógica da inclusão subalterna e da cidadania rebaixada acaba por contribuir para a sobrevida do capital e a continuidade da opressão.O que hoje impede a satisfação das necessidades mais elementares da vida em nosso país não é a falta de desenvolvimento do capitalismo. Pelo contrário, nossas carências são produto direto da lógica de desenvolvimento capitalista adotado há décadas sob o mesmo pretexto, de que nossos problemas seriam resolvidos pelo desenvolvimento da economia capitalista. Hoje, a perpetuação e o agravamento dos problemas que nos afligem, depois de gerações de desenvolvimento capitalista, são a prova de que este argumento é falso.Portanto, nossa estratégia socialista ilumina a nossa tática, torna mais claro quem são nossos inimigos e os nossos aliados, permite identificar a cada momento os interesses dos trabalhadores e os da burguesia e entender como as diferentes forças políticas concretas agem no cenário imediato das lutas políticas e sociais. Esse posicionamento também busca sepultar as ilusões reformistas, que normalmente levam desorientação ao proletariado, e educá-lo no sentido de que só as transformações socialistas serão capazes de resolver os seus problemas.No Brasil, nosso partido trabalha na perspectiva de constituir oBloco Revolucionário do Proletariado, como instrumento de aglutinação de forças políticas e sociais antiimperialistas e anticapitalistas para realizar as transformações necessárias à emancipação dos trabalhadores. Nosso objetivo é derrotar o bloco de classe burguês e seus aliados que, mesmo com disputas e diferenciações internas, impõem a hegemonia conservadora e buscam a todo custo desenvolver a economia de mercado, mantida a subordinação ao capital internacional, ao mesmo tempo em que afastam os trabalhadores da disputa política, impondo um modelo econômico concentrador de renda e ampliador da miséria, procurando permanentemente criminalizar os movimentos populares, a pobreza e todos aqueles que ousam se levantar contra a hegemonia do capital. Para consolidar o poder burguês e legitimá-lo, colocam toda a máquina do Estado a serviço do capital.Por isso mesmo, não há nenhuma possibilidade de a burguesia monopolista, em todos seus setores e frações, participar de uma aliança que vá além do horizonte burguês e capitalista. Isso significa que a nossa política de aliança deve se materializar no campo proletário e popular. A aliança de classes capaz de constituir o Bloco Revolucionário do Proletariado deve fundamentalmente estar estruturada entre os trabalhadores urbanos e rurais, os setores médios proletarizados, setores da pequena burguesia, as massas trabalhadoras precarizadas em suas condições de vida e trabalho que compõem a superpopulação relativa. Isso significa que a nossa tática deve ser firme e ampla. Ao mesmo tempo em que não há alianças estratégicas com a burguesia, todo aquele que se colocar na luta concreta contra a ordem do capital será um aliado em nossa luta, da mesma forma que aqueles setores que se prestarem ao papel de serviçais subalternos da ordem, se colocarão no campo adversário e serão tratados como tal.A principal mediação tática de nossa estratégia socialista é, portanto, a criação das condições que coloquem os trabalhadores em luta, a partir de suas demandas imediatas, na direção do confronto com as raízes que determinam as diferentes manifestações da exploração, da opressão e da injustiça, ou seja, a ordem capitalista.Assim, estamos propondo e militando no sentido da formação de uma frente de caráter antiimperialista e anticapitalista, que não se confunda com mera coligação eleitoral. Uma frente que tenha como perspectiva a constituição do Bloco Revolucionário do Proletariado como um movimento rumo ao socialismo.A constituição do proletariado como classe que almeja o poder político e procura ser dirigente de toda a sociedade é um projeto em construção e não existem fórmulas prontas para torná-lo efetivo politicamente. Como tudo em processo de formação, a constituição desse bloco exige que o PCB e seus aliados realizem um intenso processo de unidade de ação na luta social e política, de forma que cada organização estabeleça laços de confiança no projeto político e entre as próprias organizações.Reafirmamos a necessidade da conformação da classe trabalhadora como classe e, portanto, enquanto partido político, não pela afirmação dogmática, arrogante e pretensiosa de conformação de vanguardas autoproclamadas, mas pela inadiável necessidade de contrapor à ordem do capital - unitária e organizada por seu Estado e cimentada na sociedade por sua hegemonia - uma alternativa de poder que seja capaz de emancipar toda a sociedade sob a direção dos trabalhadores.Sabemos que este é um momento marcado por enorme fragmentação e dispersão das forças revolucionárias, que corresponde objetivamente ao momento de defensiva que se abateu sobre os trabalhadores, mas também acreditamos que, tão logo o proletariado se coloque em movimento, rompa com a passividade própria dos tempos de refluxo e inicie uma ação independente enquanto classe portadora de um projeto histórico, que é o socialismo, as condições para a unidade dos revolucionários serão novamente possíveis.Desde o XIII Congresso, o PCB vem se mantendo na oposição independente ao governo Lula, por entender que este governo trabalha essencialmente para manter e fortalecer o capital, restando à população apenas algumas migalhas como compensação social, por meio de programas que canalizam votos institucionalizando a pobreza e subordinando a satisfação das necessidades sociais ao crescimento da economia capitalista, verdadeira prioridade do governo.O governo atual se tem pautado pela cooptação de partidos políticos e movimento sociais, buscando amortecer e institucionalizar a luta de classes, desmobilizando e enfraquecendo os trabalhadores em sua luta contra o capital. As antigas organizações políticas e sociais, que nasceram no bojo das lutas do final dos anos 70, se transformaram em partidos e organizações da ordem, ainda que guardem referência sobre a classe e abriguem militantes que equivocadamente, alguns de maneira sincera, ainda procuram manter ou resgatar o que resta de postura de esquerda. Desta forma, estas organizações acabaram por perder a possibilidade histórica de realizar o processo de mudanças sociais no país. Transformaram-se em organizações chapa-branca, base de sustentação de um governo que, vindo do campo de esquerda, disputou as eleições com uma proposta de centro esquerda, construiu uma governabilidade de centro direita e acabou por implementar um projeto que corresponde, na essência, aos interesses do grande capital monopolista, aproximando-se muito mais de um social liberalismo do que de uma social democracia.É necessária, por isso, uma reorganização dos movimentos populares, especialmente do movimento sindical. O PCB trabalhará pela reorganização do sindicalismo classista e pela unidade dos trabalhadores, através do fortalecimento de sua corrente Unidade Classista e da Intersindical (Instrumento de Luta e Organização da Classe Trabalhadora), atuando nesta para recompor o campo político que a originou e ampliá-lo com outras forças classistas. A função principal da Intersindical é a de ser, a partir da organização e das lutas nos locais de trabalho, um espaço de articulação e unidade de ação do sindicalismo que se contrapõe ao capital, visando à construção, sem açodamento nem acordos de cúpula, de uma ampla e poderosa organização intersindical unitária, que esteja à altura das necessidades da luta de classes. Nesse sentido, o PCB reitera a proposta de convocação, no momento oportuno, do Encontro Nacional da Classe Trabalhadora (ENCLAT), como consolidação deste processo de reorganização do movimento sindical classista.Também iremos trabalhar com afinco para a reorganização do movimento juvenil, especialmente pelo resgate da União Nacional dos Estudantes como instrumento de luta e de ação política da juventude, como foi ao longo de sua história. Mas a reconstrução do movimento estudantil brasileiro não se dará através da mera disputa pelos aparelhos e cargos nas organizações estudantis, tais como a UNE, a UBES e demais. Será necessária a incisiva atuação dos comunistas nas entidades de base, nas escolas e universidades, para que o movimento estudantil retome sua ação protagonista nas lutas pela educação pública emancipadora e pela formação de uma universidade popular, capaz de produzir conhecimento a serviço da classe trabalhadora e contribuir para a consolidação da contra-hegemonia proletária. Ou seja, o movimento estudantil brasileiro precisa ser resgatado da sua letargia para assumir o papel de organizador da juventude que quer lutar e construir o socialismo no Brasil.Procuraremos desenvolver também laços com todos os movimentos populares, na resistência cotidiana dos trabalhadores em seus bairros e locais de trabalho, de forma a estabelecermos uma relação mais estreita com a população pobre e os trabalhadores em geral, ajudando-os a se organizarem para a luta.A luta pela terra no Brasil se choca diretamente com a ordem capitalista que deve ser enfrentada, não apenas para se garantir o acesso à terra mas para a mudança profunda do modelo de desenvolvimento agrícola contra a lógica mercantil, monopolista e imperialista do agronegócio. A aliança de classes necessária à construção de uma estratégia socialista para o Brasil passa pela união entre os trabalhadores do campo e da cidade, dos pequenos agricultores e assentados na luta por um Poder Popular comprometido com a desmercantilização da vida e o fim da propriedade, empenhados na construção de uma sociedade socialista. O Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST)conta com nossa irrestrita solidariedade e nossa parceria, em sua necessária articulação com o movimento sindical, juvenil e popular.O PCB se empenhará também pela criação de um amplo e vigoroso movimento que venha às ruas exigir, através de um plebiscito e outras formas de luta, uma nova Lei do Petróleo, que contemple a extinção da ANP, o fim dos leilões das bacias petrolíferas, a retomada do monopólio estatal do petróleo e aREESTATIZAÇÃO DA PETROBRÁS (como empresa pública e sob controle dos trabalhadores), de forma a preservar a soberania nacional e assegurar que os extraordinários recursos financeiros gerados pelas nossas imensas reservas de recursos minerais sejam usados para a solução dos graves problemas sociais brasileiros e não para fortalecer o imperialismo e dar mais lucros ao grande capital.Da mesma forma, daremos importância especial à frente cultural, estreitando os laços com artistas e intelectuais. Desde sempre a arte que se identifica com o ser humano é também a que denuncia a desumanidade do capital e da ordem burguesa. Desenvolvendo um trabalho contra a mercantilização da arte e do conhecimento, na resistência ao massacre imposto pela indústria cultural capitalista, o PCB apoiará a luta em defesa da plena liberdade de produção artística, intelectual e cultural e pela criação de amplos espaços para as manifestações artísticas e culturais populares, como parte inseparável de nossa luta pela emancipação humana.Devido ao caráter fundamental da participação de intelectuais comprometidos com a luta pela emancipação do proletariado e pela hegemonia ideológica, política e cultural, o PCB jogará grande peso na tarefa permanente de formação, aperfeiçoamento e atualização teórica e política de seus militantes e na relação com intelectuais que detêm a mesma perspectiva revolucionária.Nosso Partido vem realizando um intenso esforço no sentido de se transformar numa organização leninista, capaz de estar à altura das tarefas da Revolução Brasileira. Realizamos, no ano passado, a Conferência Nacional de Organização, na qual reformulamos o estatuto, trocamos o conceito de filiado pelo de militante, reforçamos a direção coletiva e o centralismo democrático. Estamos desenvolvendo um trabalho de construção partidária a partir das células, nos locais de trabalho, moradia, ensino, cultura e lazer, com o critério fundamental do espaço comum de atuação e luta, preferencialmente nos locais onde a população já desenvolve sua atuação cotidiana. O XIV Congresso Nacional coloca num patamar superior a reconstrução revolucionária do PCB.O PCB, como um dos instrumentos revolucionários do proletariado, quer estar à altura dos desafios para participar da história de nossa classe na construção dos meios de sua emancipação revolucionária. Mais do que desejar ser uma alternativa de organização para os comunistas revolucionários, para os quais as portas do PCB estão abertas, queremos ser merecedores desta possibilidade, por buscarmos traçar estratégias e caminhos que tornem possível a revolução brasileira.O PCB trabalhará de todas as formas e empregará todos os meios possíveis para contribuir com a derrota da hegemonia burguesa no Brasil, visando socializar os meios de produção capitalistas e transferi-los para o Poder Popular, assim como construir uma nova hegemonia política, social, econômica, cultural e moral da sociedade, de forma a que a população brasileira possa usufruir plenamente de uma nova sociabilidade, baseada na solidariedade, na cooperação entre os trabalhadores livres e emancipados do jugo do capital. Por criarem toda a riqueza os trabalhadores têm o direito de geri-la de acordo com suas necessidades, única forma de construir um novo ser humano e chegar a uma sociedade sem classes e sem Estado: uma sociedade comunista.

Viva o Internacionalismo Proletário!

Viva a Revolução Socialista!Viva o Partido Comunista Brasileiro!

XIV Congresso Nacional do PCB, Rio de Janeiro, outubro de 2009.

Carlos Marighella presente!

(Nota Política do PCB)

No próximo dia 4 de novembro, cumprem-se quarenta anos do covarde assassinato de Carlos Marighella pelas forças da repressão da ditadura militar. O PCB se associa a todas as iniciativas para homenagear este herói e conclama sua militância e amigos a delas participarem.

Marighella formou-se politicamente na grande escola do PCB, onde militou a maior parte de sua vida como revolucionário. Após o golpe imperialista de 1964, que assumiu a forma de golpe militar, o camarada rompeu com o PCB, liderando a criação da ALN (Ação Libertadora Nacional), em razão de divergências com a linha política do Partido, em que predominavam as ilusões de aliança com setores da chamada burguesia nacional e na democracia burguesa, equívocos que estão na raiz da derrota popular em 1964.

O PCB, que sepultou as ilusões reformistas em seu processo de reconstrução revolucionária, respeita e compreende as razões de Marighella para romper com o Partido, mesmo divergindo do método e considerando que a forma de luta adotada pela ALN, apesar de legítima, não era adequada àquela correlação de forças e ao nível de organização e mobilização da resistência popular à ditadura.

Entretanto, apesar de considerarmos correta, até 1979, a linha política do PCB na questão do enfrentamento à ditadura pela via do movimento de massas e da frente democrática, não estamos entre aqueles que negam ou subestimam o papel da insurgência armada adotada por algumas organizações no período que, ao preço de muitas vidas que nos fazem falta, também contribuíram para a derrubada da ditadura.

Também é preciso ficar claro que a ditadura não escolhia suas vítimas apenas em função dos meios com que lutavam. Entre 1973 e 1975, foram assassinados dezenas de camaradas do PCB, cujos corpos jamais apareceram, dentre eles quase todos os membros do Comitê Central que aqui atuavam na clandestinidade.

Marighella não pertence apenas ao PCB nem à ALN. Pertence a todos os revolucionários e se inscreve na galeria de heróis que, em todo o mundo, lutaram e lutam contra a opressão e a exploração, por uma sociedade em que todos nos possamos chamar de companheiros.

Camarada Marighella, presente!

PCB – Partido Comunista Brasileiro

Comissão Política Nacional

Comitê Central

Rio, 25 de outubro de 2009.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Solidariedade ao camarada Ahmad Sa'adat

Nota da FPLP

O camarada e líder Ahmad Sa'adat, o aprisionado Secretário Geral da Frente Popular pela Libertação da Palestina, terá uma audiência de contestação a seu isolamento nas prisões da ocupação, no dia 22 de outubro de 2009.

A advogada Leah Tsemel, que representa o camarada Sa'adat na contestação à prática de isolamento (solitária) de prisioneiros políticos palestinos na população geral dos detidos, disse que a contestação será diante da Corte Central de Bir Saba, contra a Administração israelense de Prisões.

O camarada Sa'adat tem sido mantido em isolamento (solitária) na prisão de Ramon no deserto de Naqab por seis meses, quando foi transferido da prisão de Hadarim em Asqelan depois de 14 dias de isolamento (solitária). O camarada Sa'adat, assim como outros líderes nacionais e populares dentro da prisão, foram escolhidos para o isolamento (solitária) e em condições abusivas de aprisionamento baseadas em sua atividades, e colocados em unidades especiais de isolamento (solitária). Dentro destas unidades de isolamento, o camarada Sa'adat foi colocado mais profundamente em uma destas unidades, onde foi confinado sem acesso mesmo aos outros prisioneiros em isolamento, e privado de Direitos Humanos básicos. Seus livros pessoais foram confiscados e é permitido acesso a jornais só uma ou duas vezes por semana. Foram negadas a ele as visitas da família - sua esposa, Abla, foi proibida de visitá-lo por três meses - assim como visitas legais, sendo impedido de fazer compras na cantina da prisão.

No pátio da prisão, o camarada Sa'adat é mantido algemado e com algemas também nos tornozelos, e lhe é permitida só uma hora de exercício/recreação. Tudo isto foi "justificado" pelas autoridades de ocupação como "castigo" por dar dois pacotes de cigarros a outro prisioneiro. Naturalmente, o camarada Sa'adat tem sido submetido a estas condições desumanas porque é um líder reconhecido entre os prisioneiros, numa tentativa de destruir o movimento palestino de prisioneiros e atingir as realizações e lutas dos prisioneiros. Além do mais, a Administração da Prisão tenta criminalizar os relacionamentos sociais entre os companheiros prisioneiros palestinos, e entre os prisioneiros e as suas famílias. O camarada Sa'adat dirigiu a luta contra isolamento, empenhando-se numa greve de fome de nove dias em julho de 2009, que foi imediatamente seguida pela sua transferência para prisão de Ramon.

O camarada Sa'adat está preso desde 2002, primeiro nas prisões da Autoridade palestina, mantida sob a guarda dos britânicos e dos EUA, até o seu seqüestro pelas forças sionistas de ocupação em 14 de março de 2006, por um ataque da ocupação militar na prisão de Jerico (Ariha). No dia 25 de dezembro de 2008, o camarada Sa'adat foi sentenciado a trinta anos dentro das prisões da ocupação. Ele é membro do Conselho Legislativo Palestino e um dos principais líderes nacionais palestinos mantidos dentro dos cárceres do ocupante.

Esperamos que sejam realizados eventos e atividades na Palestina e ao redor do mundo em favor do camarada Sa'adat, de 16 a 22 de outubro, clamando por liberdade e justiça para Sa'adat e todos prisioneiros palestinos. Abla Sa'adat, esposa do camarada Sa'adat, chamou por uma campanha mais ampla de solidariedade nos níveis palestino, árabe e internacionais para acabar com as condições desumanas de isolamento enfrentadas pelos prisioneiros palestinos que violam todos padrões básicos de Direitos Humanos, assim como exigir e assegurar sua libertação. Ela acrescenta ainda um chamado à Autoridade Palestina para que assuma responsabilidade neste aspecto, uma vez que tinha a responsabilidade de mantê-lo na prisão de Jerico (Ariha) como parte de sua "cooperação de segurança" com o ocupante.

Frente Popular para Libertação da Palestina - FPLP - outubro de 2009.