segunda-feira, 25 de julho de 2011

Por que verdades tão banais precisam ser ditas?


Porque nossa perversa realidade exige conformismo, ilusão…
“A exigência de abandonar as ilusões sobre sua condição é a exigência de abandonar uma condição que necessita de ilusões. (…) A crítica arrancou as flores imaginárias que enfeitavam as cadeias, não para que o homem use as cadeias sem qualquer fantasia ou consolação, mas para que se liberte das cadeias e apanhe a flor viva.” (Karl Marx, Introdução à Crítica da Filosofia do Direito de Hegel)
“Marx repudiou categoricamente não apenas o idealismo, sempre ligado, de uma maneira ou de outra, à religião, mas também o ponto de vista, particularmente difundido nos nossos dias, de Hume e de Kant, o agnosticismo, o criticismo, o positivismo sob os seus diferentes aspectos, considerando esse gênero de filosofia como uma concessão ‘reacionária’ ao idealismo, e, no melhor dos casos, ‘uma maneira envergonhada de aceitar o materialismo às escondidas, renegando-a publicamente’.” (Materialismo Filosófico, Lênin)
“…na medida em que é um homem de ciência, na medida em que sabe algo, o agnóstico é materialista; fora dos confins de sua ciência, nos campos que não domina, traduz sua ignorância para o grego, chamando-a agnosticismo…”

(F. Engels – Prefácio à Edição Inglesa – Do Socialismo Utópico ao Socialismo Cientifico)
É instrutivo o caso norueguês do assassinato premeditado de 80 pessoas, o autor era cristão, o que não o impediu do ato bárbaro:

ANP: a raposa tomando conta do galinheiro

Tomou posse na Agência Nacional do Petróleo (ANP), agora em julho, dois diretores: Florival Carvalho e Helder Queiroz. Nada de novo, todos membros da agencia são defensores da lei entreguista de FHC [9478/97], a começar pelo diretor-geral, Haroldo Lima

Por Emanuel Cancella *
Haroldo, um comunista, filiado ao PcdoB, que deixaria incrédulo um ativista da campanha "O Petróleo É Nosso!". Os comunistas foram vanguarda da campanha que movimentou brasileiros no maior movimento cívico nas décadas de 1940 e 1950, resultando na criação da Petrobrás e na introdução do Monopólio Estatal do Petróleo [Lei 2004/53].
Ver agora Haroldo (um camarada) defender leilões de petróleo, a presença das multinacionais do petróleo em nosso país, é dose. Na posse dos novos diretores, estavam presentes figuras como Ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, que dispensa comentários; ex-diretores da ANP, como David Zylbersztajn – ex-genro de FHC, autor da celebre frase em sua primeira entrevista como diretor-geral da ANP: "O petróleo é vosso!". Parafraseando com extremo mau gosto e desrespeito aos nossos antepassados "O Petróleo É Nosso!".
Agência do petróleo, como todas as outras existentes no país, estão a serviço do capital. Se contemporânea fosse a ANP da campanha do petróleo no passado, seria a principal inimiga do movimento, pois a agência assume a defesa de empresas privadas estrangeiras e a entrega do nosso petróleo por meio de leilões às multinacionais.
O presidente Lula mandou desengavetar e dar prioridade ao projeto do pré-sal, que há trinta anos dormia nas gavetas da Petrobrás. Lula também mudou o marco regulatório do petróleo, porém, somente para área do pré-sal. Além disso, Lula afastou a ameaça de privatização da Petrobrás e retomou a indústria naval. Lula deu o tom nacionalista à indústria do petróleo, mas ainda é pouco diante das perspectivas do setor. E o pior: Lula manteve os leilões de petróleo. Vamos ver o comportamento da presidenta Dilma frente ao setor.
Já Haroldo, defende dois leilões ao ano. Haroldo se defende das críticas dizendo que na ANP segue a política de Lula, e agora de Dilma. Teria razão o camarada Haroldo se estivesse numa ditadura e se a ordem viesse de um torturador. Mesmo nessas circunstancias, vários comunistas morreram e não traíram seus ideais.
Como não estamos numa ditadura, muito pelo contrario, e cá para nós, Haroldo se sente muito a vontade no papel que exerce. Resta-nos, precursores da campanha do petróleo, agora denominada "O Petróleo Tem que Ser Nosso”, combater as multinacionais, o governo e a ANP!
* Emanuel Cancella é diretor do Sindipetro-RJ.
Fonte: ANP.

Rebeldia Cubana!

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Cuba identifica três proteínas do escorpião azul eficazes contra o câncer

Cientistas cubanos identificaram três proteínas no veneno do escorpião azul que inibem as células malignas do câncer e estão dispostos a aceitar a colaboração internacional para a sua produção em escala, informou nesta terça-feira o diretor do laboratório estatal encarregado das pesquisas. 

"São três proteínas de baixo peso molecular e de marcada inibição de células malignas, inofensivas para a saúde humana e que não causam quaisquer efeitos colaterais", disse José Fraga Castro, diretor do Grupo Empresarial estatal Labiofam, durante entrevista coletiva.

O cientista, que é sobrinho dos irmãos Fidel e Raúl Castro, explicou que o veneno do chamado escorpião azul - cuja cor, na verdade, é avermelhada - é tóxico se aplicado de forma parenteral (introduzida no organismo de forma diferente da digestiva, como intravenosa, subcutânea ou intramuscular), mas por via oral é inócuo.

Fraga informou que estes produtos, que serão apresentados no I Congresso Internacional do Labiofam, de 28 de setembro a 1º de outubro, já estão patenteados em Cuba e já foram submetidos a um teste pré-clínico satisfatório em ratos.

O especialista disse ainda que já são feitos testes em doentes de câncer.

"Estamos abertos a trabalhar com qualquer cientista ou instituição" para seu desenvolvimento sem fins lucrativos, afirmou.

"Se tivermos que trabalhar com outro laboratório, não teremos objeções", enfatizou o cientista, que comentou que especialistas da Espanha e da Venezuela se somaram aos estudos.
Fraga disse ainda que a Labiofam desenvolveu criadouros de escorpiões em todo o país, com uma população de cinco mil animais cada. Cada animal vive, em média, dois anos e o veneno é extraído a cada 21 dias.

Mesmo assim, a proporção é insuficiente para uma produção em escala de medicamentos, para o que é preciso procurar soluções científicas, mediante a medicina homeopática, para sua multiplicação, acrescentou.

O especialista informou que, durante o encontro internacional, a Labiofam apresentará outros dois produtos, um antianêmico oral e um produto de controle biológico do mosquito vetor da malária.
Segundo o cientista, este biolarvicida foi aplicado com sucesso em um país africano que não especificou, mas que construirá uma fábrica para produzi-lo com tecnologia cubana. Outros cinco países do continente também estariam interessados em erguer instalações semelhantes, disse.

Fonte:http://diarioliberdade.org.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Memórias de Gregório Bezerra!

Mais de trinta anos após a publicação das Memórias (1979), de Gregório Bezerra, o lendário ícone da resistência à ditadura militar é homenageado com o lançamento de sua autobiografia pela Boitempo Editorial, acrescida de fotografias e textos inéditos, e em um único volume. O livro conta com a contribuição decisiva de Jurandir Bezerra, filho de Gregório, que conservou a memória de seu pai; da historiadora Anita Prestes, filha de Olga Benário e Luiz Carlos Prestes, que assina a apresentação da nova edição; de Ferreira Gullar na quarta capa; e de Roberto Arrais no texto de orelha. Há também a inclusão de depoimentos de Oscar Niemeyer, Ziraldo, da advogada Mércia Albuquerque e do governador de Pernambuco (e neto de Miguel Arraes) Eduardo Campos, entre muitos outros.

Em Memórias, o líder comunista repassa sua impressionante trajetória de vida e resgata um período rico da história política brasileira. O depoimento abrange o período entre seu nascimento (1900) até a libertação da prisão em troca do embaixador americano sequestrado, em 1969, e termina com sua chegada à União Soviética, onde permaneceria até a Anistia, em 1979. No exílio começou a escrever sua autobiografia.

Nascido em Panelas, no Agreste pernambucano, a 180 km de Recife, Gregório era filho de camponeses pobres, que perdeu ainda na infância, e com cinco anos de idade já trabalhava com a enxada na lavoura de cana-de-açúcar. Analfabeto até os 25 anos de idade e militante desde as primeiras movimentações de trabalhadores influenciados pela Revolução Russa de 1917, Bezerra teve papel de destaque em importantes momentos políticos da esquerda brasileira, e por conta disso totalizou 23 anos de cárcere em diversos presídios e épocas. Foi deputado federal (o mais votado em 1946) pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), ferrenho combatente do regime militar, e por essa razão protagonizou uma das cenas mais brutais da recém-instalada ditadura pós-golpe de 1964: capturado, foi arrastado por seus algozes pelas ruas do Recife, com as imagens tendo sido veiculadas pela TV no então Repórter Esso. A selvageria causou tamanha comoção que os registros da tortura jamais foram encontrados nos arquivos do exército.

Apesar da dura realidade, Gregório jamais cultivou o ódio ou o rancor. Era por todos considerado um homem doce, generoso. Não foi um homem de letras, mas um grande observador e um brilhante contador de histórias. Assim é que suas páginas são narradas, sem afetações ou hipocrisia, passando pelo interior da mata e do agreste nos tempos de estiagem e seca, pelo Recife, o exílio na União Soviética, a militância no PCB. Dizia ele: “Não luto contra pessoas, luto contra o sistema que explora e esmaga a maioria do povo”. Em 1983, o Brasil perdeu este que foi um de seus grandes defensores. Para sorte dos que estavam por vir, porém, ele deixou suas memórias recheadas de verdades e esperanças e que, acima de tudo, representam a história de muitos outros “Gregórios” que transformaram o seu destino na luta para transformar a realidade instituída. 

Trechos do livro

“Foi o Natal mais farto e rico de alegria a que assisti durante os nove anos e dez meses de minha vida. Além disso, ganhei dois metros de algodãozinho para fazer duas camisas, porque só tinha uma e velha, que já estava virando farrapo. Aproveitei a cumplicidade de vovó e pedi-lhe que me fizesse uma camisa e uma calça, em vez de duas camisas. A velha topou as minhas antigas pretensões. Entretanto a costureira, que foi a minha tia Guilhermina, em vez de me fazer uma calça, fez uma ceroula grande, de amarrar acima do tornozelo. Deram-me para vestir. Achei bonita e até mais bonita do que uma calça, porque me fez lembrar do meu falecido avô, que, quando vivo, somente vestia ceroulas compridas amarradas no tornozelo. Calça só vestia quando ia à feira ou em visita aos domingos. Afinal, todos aprovaram a ceroula, menos minha irmã Isabel. Ganhei a “batalha” de anos atrás, quando pleiteei uma calça no sítio Goiabeira. Era feliz, agora, e me sentia homem. O Natal e Ano-Novo serviram para minhas exibições de ceroulas compridas e camisa fora da calça.”

“Voltei à rua, tentando ver se alguns operários haviam chegado. Não havia ninguém. Fiz um ligeiro comício para os pequenos grupos que se aglomeravam nas sacadas dos prédios vizinhos, concitando-os a pegar em armas, sob o comando do camarada Luiz Carlos Prestes. Fui aplaudido das varandas por alguns estudantes que ali moravam. Mas o apoio, infelizmente, não passou dos aplausos. Um oficial tentou prender-me, pedindo-me que, pelo amor de Deus, eu me rendesse. Ao chegar a dez metros de mim, apontei-lhe o fuzil e o fiz recuar. Vinha chegando um sargento radiotelegrafista que, de longe, perguntou-me o que havia. Respondi-lhe que, se quisesse lutar pela Aliança Nacional Libertadora, tinha um lugar a sua disposição; se não, caísse fora enquanto era tempo.”

Ficha técnica

Título: Memórias.
Autor: Gregório Bezerra.
Apresentação: Anita Prestes.
Orelha: Roberto Arrais.
Quarta capa: Ferreira Gullar.
Páginas: 648..
Preço: R$ 74,00.
ISBN: 978-85-7559-160-4.
Editora: Boitempo.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Filme Sobre o Capital de Marx

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Uma maratona de nove horas e meia de duração começa nesta terça-feira, às 10 horas da manhã, e só termina às 22h30 (com intervalos para almoço e lanche) no Sesc Pinheiros: abrindo a mostra de filmes do cineasta alemão Alexander Kluge, será exibida a megaprodução Notícias de Antiguidades Ideológicas: Marx, Eisenstein, O Capital.

Filmado em plena crise econômica de 2008, é o projeto mais radical de renovação do cinema, levado a cabo por um diretor associado à criação do Novo Cinema Alemão, nos anos 1960. Kluge é também um dos mais respeitados literatos de seu país, a ponto de ter em seu filme depoimentos de colegas como o poeta e ensaísta Hans Magnus Enzensberger, o filósofo Peter Sloterdijk e o cineasta franco-suíço Jean-Luc Godard, modelo assumido de Kluge, conhecido principalmente por seu filme Artistas na Cúpula do Circo: Perplexos (1967), que integra a retrospectiva do diretor, a partir do dia 26, no Goethe-Institut.

Notícias de Antiguidades Ideológicas sai diretamente da tela para o DVD. A produtora e distribuidora Versátil Home Video lança simultaneamente à mostra uma caixa com três discos (R$ 69,90) contendo a versão integral do filme, adaptação dos conceitos contidos no livro O Capital, de Marx — além dos esboços que deram origem ao livro, ou seja, os Grundrisse, versão inicial da crítica de economia política do pensador alemão traduzida (pela primeira vez para o português) pela Boitempo Editorial.

Fazer um filme sobre O Capital é o mesmo que filmar a lista telefônica, com o agravante de que a última ainda permite certo tipo de representação que o ensaio econômico-filosófico de Marx não suporta. Kluge sabia disso desde o começo — ou seja, desde que decidiu concretizar um projeto nunca realizado pelo cineasta russo Serguei Eisenstein, diretor de clássicos como O Encouraçado Potemkin (1925) e Outubro, o filme mais caro bancado pelo governo revolucionário da ex-URSS.

Ao terminar Outubro, em 1927, Eisenstein ficou dois anos com a ideia fixa de filmar O Capital seguindo a estrutura formal literária usada por James Joyce para escrever seu Ulisses. Em 1929, decidido a contar com sua colaboração, procurou o autor irlandês em Paris que, já cego, foi de pouca de ajuda.

Não foi só de Joyce que Eisenstein recebeu um não. Do Comitê Central soviético aos estúdios hollywoodianos, passando pela Gaumont francesa, ninguém quis bancar seu projeto de filmar O Capital usando Ulisses. Se, no livro, Joyce adota o modelo épico homerístico para contar a odisseia de um homem (Leopold Bloom) durante um dia inteiro, Eisenstein, em O Capital, contaria a vida de duas pessoas igualmente perdidas (um casal) num mundo pós-industrial dominado pelo capital.

Um dia basta para resumir toda a história da humanidade na vida de um homem, segundo a lógica de Joyce. Ou de duas, segundo Kluge, que parece não ter dúvidas sobre em que cenário esse casal viveria hoje: o do pós-bolha que abalou o crédito das bolsas e instituições bancárias. Enzensberger, a título de colaboração, sugere que Kluge filme as pessoas abandonando suas casas nos EUA por não poder mais pagar as prestações ao banco.

Kluge, assim como Enzensberger, são da escola de Habermas. Em outras palavras: marxista. Naturalmente discorda de quem acha que a modernidade já deu seu último suspiro. Vendo a China comunista avançar e potências capitalistas ocidentais agonizando na UTI, Kluge sente-se mais ou menos como Eisenstein se sentia em 1929 com o quebra da bolsa de Nova York.

Mais do que fornecer respostas à crise econômica mundial, seu filme fala de gente que se vê como dinossauro — mas que ainda acredita no projeto iluminista da Escola de Frankfurt, como o jovem marxista Fred Walhasch, que escreve para jornais estrangeiros e elabora dossiês. Walhasch diz no filme: "Vivo como o próprio Marx. Ninguém me quer".

Ninguém quer igualmente filmes de 9 horas e meia. Vivemos numa sociedade de espetáculo — e filmar O Capital exige coragem e determinação para ir contra essa tendência e reconstruir a arte cinematográfica de autores como Eisenstein, Murnau, Lang e Bergman. Ao desenterrar o projeto do filme do russo, Kluge tinha em mente unir a filosofia de Kant, Adorno e Habermas — naturalmente atento às inovações sintáticas da literatura de Joyce e à montagem por associações do cinema de Eisenstein.

Assim, Kluge recorre a versos escritos na prisão, em 1871, por Louise Michael, a poeta da Comuna de Paris, mostrados por meio de cartelas (como no cinema mudo), além de usar fragmentos de óperas de Luigi Nono (Al Gran Sole Carico D"Amore), Max Brand (Maquinista Hopkins) e Wagner (Tristão e Isolda, uma montagem dirigida por Werner Schroeter em que os marinheiros da obra de Wagner saem diretamente do Encouraçado Potemkin).

Kluge ainda se apropria, com apetite antropofágico, de um deslumbrante exercício visual do cineasta Tom Tykwer (de Perfume e Corra, Lola, Corra) sobre o fetiche da mercadoria. O filme de Tykwe tem 12 minutos e chama-se O Homem na Coisa. O diretor acompanha os passos apressados de uma garota em Berlim e, no lugar de contar sua história, começa a divagar, acompanhando os movimentos da câmera, que focaliza as maçanetas das portas das casas, os interfones, a bolsa e os sapatos da mulher.

O olho selvagem da câmera penetra na realidade do processo de produção, enquanto o narrador conta a história dos objetos e demonstra, como queria Marx, que uma mercadoria não tem nada de trivial, que ela está cheia de metafísica, de conteúdo teológico.

O filme de Kluge ainda recorre a fragmentos de uma ópera que estreou justamente em 1929, no auge da crise mundial: Maquinista Hopkins, do austríaco Max Brand, incluído na lista dos "entarted" (degenerados) pelos nazistas. Como em Metrópolis, de Lang, Brand fala de um mundo novo nada admirável que surge das máquinas e da depressão econômica.

A ópera se passa nos galpões de uma fábrica e ilustra, no terceiro DVD, como Eisenstein teria incorporado a linguagem operística à sintaxe cinematográfica, além de filmes como Ninotchka, de Lubistch, e peças de Brecht. Kluge realiza o sonho do cineasta russo.

Com informações do O Estado de S.Paulo.

Fonte: Diário Liberdade.

domingo, 17 de julho de 2011

Seminário Nacional de Agitação e Propaganda da UJC


Data: 29, 30 e 31 de Julho de 2011; Barreiro - BH Minas Gerais.

"Chapa-branca" ou máfia de calças curtas?

As últimas semanas tem sido de imensas mobilizações e confrontos. Após um trabalho político que buscou a unidade entre segmentos como estudantes secundaristas e universitários, professores, funcionários e pais, para enraizar as solicitações entre a sociedade, todo o país debate o modelo de educação - gerado por uma ditadura militar.

A principal bandeira é o financiamento público para o ensino público, retirando assim o apoio estatal para o lucro privado dos tubarões do ensino. A luta, em sua última jornada, gerou 62 manifestantes presos e 34 policiais feridos.

Falamos do Chile, de seus estudantes e sua Federação dos Estudantes das Universidades, da luta popular.
As últimas duas décadas tem sido de inconfessáveis jogadas de gabinete, acordos espúrios e descaracterização. Após um trabalho político que visa usar uma entidade histórica como poder de barganha por cargos, verbas públicas e projeção política, muitos gabinetes foram ocupados, campanhas financiadas, parlamentares e até mesmo prefeitos eleitos para gerir desavergonhadamente a política exploratória do capital.

Falamos do Brasil, das últimas diretorias da UNE, da vergonha de se vender ao poder.

A imprensa burguesa, movida por sua moral burguesa, critica a UNE por realizar seu 52º Congresso com verbas públicas - e a isso dá o nome de "congresso chapa-branca". São muitas as matérias publicadas nos últimos dias dando conta de que Petrobras, Eletrobras, Caixa e ministérios dos Transportes, Turismo, Saúde e Educação despejaram verbas para a realização do evento.

Aliada de primeira hora da face mais crua do capitalismo no Brasil (PSDB-DEM) e difusora - como aparelho ideológico do Estado - do ideário do Estado Mínimo, identifica este financiamento com o início dos governos petistas no país - ou seja, 2003.

Pressionado por tais notícias e tentando jogar a própria imprensa em contradição, o atual presidente da entidade afirmou que a destinação de dinheiro do governo para os eventos da UNE não são novidade e nem começou no governo Lula. "O Congresso da UNE de 1989, realizado na Bahia, recebeu verbas do governo baiano, então comandado pelo PFL, atual DEM", afirmou.

Algo esclarecedor, pois um bom ouvinte - ou uma imprensa séria - ao ouvir isso teria a curiosidade de pesquisar desde quando, e até onde, vai a relação de "parceria" entre a força política que dirige a UNE e governos não necessariamente capitaneados pelo PT.

Descobriria, sem muito esforço, que o PFL, ou DEM, fez parte das últimas gestões da UNE na chapa dirigida por este grupo, que certa governadora do Maranhão (estado que tem os piores índices sociais do país, e no qual as discrepâncias de renda e condições de vida saltam aos olhos) de sobrenome sugador da coisa pública também é parceira das últimas diretorias da UNE. Verá que esta história realmente - e infelizmente - não começou em 2003.

Também saberia porque o Governo de Goiás, do tucano Marconi Perillo, despejou dinheiro no evento - como havia feito outras vezes, inclusive durante o mandato de Fernando Henrique Cardoso.

Outro ponto não tocado pela imprensa é o patrocínio dado ao 52º Congresso da UNE pela pouco famosa - mas muito ativa... - Confederação Nacional dos Transportes (CNT). Representantes do empresariado que comandam o intragável e ultralucrativo sistema de transportes do país, é de se deixar curioso que esta entidade tenha oferecido verbas para a realização de um congresso estudantil.

Seria falta de pureza crer que isto se dá pelas expectativas criadas de superfaturamento com a realização das obras de infra-estrutura para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, que envolvem diretamente a máquina de interesses, jogatinas e comissões gerenciadas dentro dos Ministérios dos Esportes, controlado pela mesma força política que dirige a UNE?

Novamente - e mais uma vez infelizmente - essa estória não começou agora: é filha direta de acordos com o sistema de rádios Jovem Pan para a confecção das "carteirinhas", a Fundação Roberto Marinho e as Organizações Globo para a desconstrução da História e da Memória do movimento estudantil brasileiro.

Analisados os aspectos não citados pela imprensa burguesa, é hora de fazer uma consideração: as últimas diretorias da UNE são algo bem pior que pelegas ou chapa-brancas e caminham a passos largos para o pior tipo de representação de liderança dos movimentos sociais: a pura e simples máfia.

Para nós da União da Juventude Comunista (UJC), se a política do governo federal fosse voltada aos interesses dos trabalhadores, se as empresas e órgãos públicos citados tivessem sua atuação marcadamente voltada aos interesses dos trabalhadores e se o comando político da UNE tivesse seus interesses voltados aos interesses dos estudantes, não haveria problema ou dúvida alguma sobre as causas e consequências desses patrocínios. Mas não é o caso, como demonstrou a participação do ex-presidente Lula e do ministro da educação Fernando Haddad no evento.

Convescote para troca de afagos ou apresentação de faturas?

Ao participar na quinta-feira do 52º Congresso da UNE, Lula disse ser grato "pela lealdade na adversidade". Deve ter falado dos inúmeros momentos em que a diretoria da entidade deveria mobilizar sua base para estar ao lado dos interesses de trabalhadores e estudantes mas se escondeu por fazer parte do projeto de expansão do capitalismo brasileiro do qual ele, Lula, é maior fiador político.

Capitalismo que se expressa também na área da Educação - e que leva a acordos inconfessáveis entre os tubarões do Ensino Superior privado e de péssima qualidade, as forças políticas que comandam a UNE e o MEC.

MEC, aliás, cujo titular da pasta perdeu uma ótima oportunidade de permanecer calado. Assim como o presidente da UNE, para jogar a imprensa em contradição, o ministro Fernando Haddad afirmou a seguinte pérola para afirmar que a entidade não poderia ser chamada de "chapa-branca" por receber verbas públicas:

"Você liga a televisão e vê propaganda de quem? Quem é a propaganda do futebol brasileiro? Quem é a propaganda das novelas? Para eles, é democrático. Para vocês, é chapa-branca".

A afirmação de Haddad soa como resposta ao provocante comunista Apparício Torelly, o "Barão de Itararé": "Esqueçamos a ética e nos locupletemos todos!"

Não, ministro, não concordamos com verbas públicas financiando a linha editorial das TVs privadas, quiçá de suas telenovelas. Esse dinheiro seria bem melhor aplicado no salário de nossos professores, nas bibliotecas e laboratórios de nossas escolas, na merenda de nossas crianças.

Não concordamos com a linha política que levou a presidente da UNE entre 2007 e 2009 a dizer que a entidade "não faz críticas e sim ressalvas a política do Governo Federal". Não concordamos com o fato de a UNE não ter protagonizado ao longo dos oito anos e seis meses de governo social-liberal do PT e aliados nenhuma ação, protesto ou manifestação contrária ao Governo Federal.

Mesmo quando o governo cortou verbas para a Educação, retirou direitos dos aposentados e se posicionou contra as propostas da entidade - hoje "mais realista do que o rei".

Por isso nós, da UJC, decididamente mantemos nossa posição firme de lutar, como os precursores da UNE e seu único fundador ainda vivo, Irun Sant'Anna, que nos orgulha por fincar pés nas trincheiras do Partido Comunista Brasileiro (PCB), como nos mostram os companheiros chilenos. Nossa índole é de luta!

No Chile, "reunião" com governo é nas ruas. "Representante" do Ministério é a polícia

Os jovens comunistas brasileiros nos somamos de longe à luta desses estudantes, professores e pais por entendermos que sua luta também é nossa, e precisa ser implementada também no Brasil: a luta para que aumentem as verbas públicas para a educação pública, e que o estado deixe de financiar a iniciativa privada em seu assalto ao sistema de educação.

Lá, assim como cá, lutamos por uma mudança estrutural no modelo educacional e em seu sistema de financiamento, que é o subsídio ao lucro privado. Felizmente lá - e infelizmente cá - essa luta hoje mobiliza as atenções de um país, chamam à atenção da sociedade e do mundo, ocorrem nas ruas em confronto aberto contra o sistema opressor do capital e seus costumeiros verdugos, a polícia.

No Chile, a direção política das manifestações estudantis está com os camaradas da Juventude Comunista (JJCC), que usam sua influência e presença política nas Federações Estudantis para o que é justo e correto: mobilizar por transformações.

Ao que nos cabe, aqui no Brasil, com ou sem a diretoria da UNE, seguiremos nessa batalha.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Recorde - Lucro dos maiores bancos supera pela 1ª vez R$10 bilhões...

Os quatro principais bancos brasileiros completaram, após os balanços do primeiro trimestre de 2011, um ciclo de dez anos de expansão e recordes...

Em março, Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander (antigo Real) supereram pela primeira vez a marca simbólica de R$10.000.000.000,00 - bilhões de lucro, representando um aumento de 17% em relação ao primeiro trimestre de 2010.

Para se ter uma idéia, no primeiro trimestre de 2001 o lucro conjunto somou R$1,5 bilhão...

O período foi marcado pelo fenômeno da bancarização, com o sistema financeiro ultrapassando os 120 milhões de clientes. Nos últimos 10 anos o volume de domicílios bancários dobrou, formando um conjunto de fatores que fez os ativos evoluírem expressivamente. Hoje, os quatro grandes bancos têm quase 3 trilhões em ativos, um número bastante relevante no contexto global!!!

E o trabalhador??? Como fica neste negócio???

Daniel Cristiano, PCB - UJC Ipatinga/MG.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Manifesto da União da Juventude Comunista ao 52° Conune

Apresentação:

Este manifesto é fruto das diversas experiências nas lutas cotidianas estudantis por este país da União da Juventude Comunista e de estudantes que mesmo sem nenhum vínculo orgânico apóiam, criticam e constroem juntos um outro projeto de universidade e sociedade. Fundada em 1927, a UJC participou ativamente dos grandes debates e eventos de nossa história: dentre estes a própria fundação da UNE, a campanha do “Petróleo tem que ser nosso!”, a luta contra a ditadura civil-militar, a resistência ao neo liberalismo e suas conseqüências nefastas na educação,etc.

Hoje a UJC constrói o seminário nacional de universidade popular. Trata se não de criar aparelhos paralelos no seio do movimento estudantil mas reiniciarmos um movimento político na área da educação na perspectiva de uma alternativa educacional para além da lógica do capital que impera hoje nas discussões apresentadas pela maior parte do M.E e na sociedade brasileira.

Pautamos nossas considerações e nossa atuação pelo princípio da análise dialética da sociedade, o papel da educação e do movimento estudantil na luta de classes. Aqui estão expressos muitos dos nossos princípios para traçarmos nossos objetivos com luta, proposição política. Não temos ilusões, para superar nossos problemas educacionais que são estruturais é apenas através da luta pela Revolução Socialista!


Conjuntura: A crise estrutural do capitalismo e a alternativa socialista!

Na Europa, na Ásia e nas Américas, particularmente nas duas últimas décadas, o capitalismo tem massacrado os trabalhadores e os estudantes com suas políticas neoliberais homogêneas e homogeneizantes. A fórmula universal do FMI, montada sobre a redução do tamanho do estado e sobre as políticas de ajuste fiscal, impõe como centro das políticas públicas dos governos as privatizações, a entrega dos recursos naturais de povos e nações em favor dos grandes interesses privados multinacionais, o desmonte dos serviços públicos, em especial da educação e sua mercantilização, e a obsessão constante de retirar direitos e precarizar a vida dos trabalhadores e da juventude. Esta é a situação mundial vivenciada da Grécia ao México, da Finlândia ao Brasil. Através dos mecanismos da dívida dos estados e de compromissos contratuais, o Banco Mundial eleva-se como a instância operacional para a implementação global das políticas elaboradas pelas agências do FMI.



A crise econômica mundial continua a fazer estragos em vários países, como resultado do regime de economia de mercado, o qual coloca em risco a sobrevivência da espécie humana, ao desprezar as necessidades básicas dos trabalhadores e da juventude, apenas para garantir a manutenção dos enormes lucros obtidos por bancos e grandes corporações capitalistas. O recrudescimento da crise internacional do capitalismo deverá encontrar no Brasil um governo não mais disposto a liberar crédito para aumentar o consumo (na verdade, uma política de endividamento crescente da população em favor do lucro dos bancos e da cooptação das camadas populares para a ilusória sensação de melhoria das condições de vida).



O Governo Dilma, em suas primeiras ações, voltou a atender prioritariamente as vontades e necessidades dos grandes banqueiros e empresas nacionais e multinacionais, optou por um salário mínimo de R$ 545,00 (praticamente 0% de reajuste, em termos reais) e, sob os argumentos de combate ao “retorno da inflação” e ao desequilíbrio das contas públicas, cortou cerca de R$ 50 bilhões no orçamento (atingindo, como sempre, as despesas com investimentos na área social), sendo que deste valor, o equivalente a R$ 3 bilhões deixou de ser aplicado na educação, e aumentou as taxas de juros, jogando nas costas dos trabalhadores e da juventude todo o peso dos efeitos do déficit promovido pelo governo.



O que não se cortou e, pelo que tudo indica não será cortado, são os gastos com o pagamento de juros da dívida brasileira. Só no ano de 2010, o Brasil retirou cerca de 200 bilhões de reais dos cofres públicos para pagar a dívida interna, deixando de investir grande parte do PIB na melhoria das condições de vida da população. Se a economia brasileira cresceu a uma taxa recorde de 7,5% em 2010, conforme anunciado pelo IBGE, alçando o país ao posto de sétima economia do mundo, a desigualdade social aprofundou-se e o Brasil ocupa hoje a 70ª posição no ranking mundial do IDH (Índice do Desenvolvimento Humano), além de permanecer na lista dos 10 países com maior índice de desigualdade social no mundo.



Lula deu continuidade à política macroeconômica da era FHC, aplicando apenas uma política compensatória mais agressiva. Dilma segue a cartilha de Lula, com a diferença de que porá o pé no freio em relação aos gastos sociais, atendendo aos ditames do mercado mundial, em que a palavra de ordem é o ajuste fiscal, política esta que só faz rebaixar ainda mais a qualidade de vida dos trabalhadores e da juventude em todo o mundo para salvar os grandes capitalistas da crise criada por eles mesmos.



O Governo Dilma já anunciou a retomada dos leilões dos campos de petróleo e de áreas de exploração no pré-sal, mantendo a política de dilapidação dos recursos naturais brasileiros, no momento em o presidente dos Estados Unidos reafirma para o mundo a intenção de recuperar a primazia dos interesses estadunidenses e de suas empresas no mercado global.



Os primeiros meses do Governo Dilma foram também demonstrativos da crescente insatisfação de diversos grupos sociais, tais como as manifestações de estudantes e de trabalhadores em protesto contra a elevação dos preços das passagens de ônibus em várias cidades do Brasil, nas quais a violência policial sempre se faz sentir. Os trabalhadores da construção civil ligados às obras do PAC também reagiram às condições de superexploração e semiescravidão impostas pelas empreiteiras – empresas multinacionais, como a Odebrecht, OAS, Camargo Corrêa, Queiroz Galvão, Mendes Júnior e outras – muitas delas financiadoras das campanhas eleitorais do PT e de seus aliados. Mais de 80 mil trabalhadores já cruzaram os braços nas obras espalhadas pelo Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país. As centrais sindicais governistas, cumprindo o papel de conciliadoras, foram chamadas a combater o ânimo dos trabalhadores para assegurar a continuidade das obras, sem mais conflitos, nas obras onde estão trabalhando mais de um milhão de operários.



Na educação presenciamos alguns debates que tem pautado o movimento estudantil. Dentre eles destacamos as bandeiras de destinação de 50% do fundo social do Pré-sal para a educação e da inclusão da emenda de que garanta o investimento de 10% do PIB em educação. Sobre a primeira é importante compreendermos que ela oculta um debate anterior e de fundamental importância que diz respeito à defesa da Petrobrás 100% estatal e pública, sob controle popular. Neste sentido é preciso denunciar a continua privatização dos poços de petróleo pela ANP (hoje dirigida por Haroldo Lima – PCdoB), através dos leilões que já atingem as reservas do pré-sal.



Com relação à bandeira de 10% do PIB na educação temos de ter a clareza que o Brasil atualmente investe apenas 2,89%, e que o Governo Federal tem como projeção atingir a meta de 7% em 2020. A luta por atingirmos os 10% não consiste somente na pressão por inclusão de emendas em um Congresso Nacional extremamente conservador e fisiológico. Este patamar nesse contexto não será alcançado e se alcançado não será cumprido. Nos limites de uma sociedade capitalista, em crise, e que tende a aprofundar a exploração e a opressão sobre os trabalhadores e a juventude, os investimentos em educação serão cada vez mais restritos e limitados. Propor investimento de 10% do PIB na educação através de emendas parlamentares, sem debater a superação deste modelo de sociedade, além de uma ingenuidade é um engodo que alguns setores tentam empurrar para a juventude no sentido de mobilizá-la a pressionar o Congresso e não o sistema como um todo. Defendemos o investimento de 10% do PIB na educação, mas compreendemos que este patamar só conseguiremos alcançar em um outro modelo de organização social, o socialismo! (Hoje o único país do mundo que investe 10% do PIB em educação é Cuba).



Bandeiras de Luta:



-Contra a criminalização dos movimentos sociais;



-Contra as Políticas de socorro ao Capital através de dinheiro público por parte dos Estados;



-Por uma Petrobrás 100% estatal e sob controle dos trabalhadores.



-Leilão é privatização! Pelo fim da ANP!



-Nenhum direito a menos; avançar em novas conquistas para os trabalhadores e a juventude em todo o mundo.



-Contra a guerra imperialista na Líbia e a complacência do governo Dilma!



-Contra a ocupação imperialista no Iraque e no Afeganistão.



-Contra a ocupação militar Israelense na Palestina. Pela Autodeterminação e Soberania do Povo



Palestino;



-Solidariedade aos povos e juventudes em luta contra o Imperialismo e o Capital em todo o mundo;



• Solidariedade com a Revolução Socialista Cubana, contra o nefasto bloqueio imperialista;



-Pela libertação imediata dos 5 heróis cubanos;



• Apoio e fomento a Alternativa Bolivariana para as Américas (ALBA);



-Solidariedade a todas as organizações em luta contra o governo narco-terrorista Colombiano!



- Oposição independente ao governo Dilma!

Educação

Há séculos a classe trabalhadora é explorada, oprimida e bombardeada pela hegemonia burguesa. Educada para agir e pensar conforme os padrões da ordem estabelecida, de maneira maniqueísta e conformada com a realidade que a cerca; a realidade do trabalho assalariado, não se esclarece sobre o domínio do Capital, que tem forjado expressões políticas empenhadas em manter as relações sociais de subordinação do trabalho. Desta maneira, a formação intelectual e a técnica estão predominantemente vinculadas aos interesses da classe dominante, disciplinando e submetendo o trabalhador desde os primeiros anos, no núcleo familiar e escolar às regras de comportamento.

O surgimento da escola para o proletariado é concomitante com o surgimento da indústria e podemos ver hoje que esta relação de formação e instrução para o trabalho se mantém, porém, transformada conforme a necessidade de formação técnico/ científica da força de trabalho para o capitalismo contemporâneo.

Diante deste contexto de formação em massa para o trabalho assalariado, vemos efetivamente desde 2007 a precarização das condições de ensino e trabalho universitários através de medidas do governo como o REUNI, o PROUNI e o crescente aumento dos institutos técnicos federais. Estas medidas são, inclusive, a continuidade da subordinação do estado Brasileiro ao capital internacional que intervém na educação desde a base. Vemos uma metodologia de educação norte-americana sendo aplicada sem nenhum escrúpulo. Assim, temos um quadro de horrores para e educação.

Universidades criam cursos sem a devida estrutura (salas de aula, professores e técnicos administrativos); cursos interdisciplinares que, em três anos, formam profissionais que sabem de tudo - mas não vão além da superficialidade, como nos prova o REUNI e a educação pública; e, para contrabalancear o PROUNI, no setor privado, garantindo lucros aos empresários da educação com o apoio do Programa de Financiamento Estudantil, conhecido como FIES, um braço do estado fortalecendo o mercado da educação e deteriorando o ensino público.Desta forma, o Plano de Desenvolvimento da Educação (PED) está longe de sanar os problemas reais da sociedade, resolvendo apenas a formação técnica de força de trabalho para as empresas, além de financiar pesquisas nas mais diversas áreas voltadas aos interesses da iniciativa privada.

Nós, jovens comunistas, não somos contra e ampliação do acesso à Universidade, muito pelo contrário, defendemos o acesso e a permanência na universidade para todos que necessitam.Neste sentido, defendemos uma educação que não fragmente os conteúdos da realidade, que articule as necessidades concretas da população com o ensino, a pesquisa e as ações, em que todo o conhecimento acumulado e desenvolvido seja socializado por meio de ações em conjunto com a sociedade. Uma universidade na qual a ciência e a técnica estejam a serviço das reais necessidades da população, seja na saúde, engenharias ou humanas.

Espaço que promova a educação múltipla, percorrendo todos os aspectos da capacidade humana, fortalecendo o trabalho coletivo para o coletivo primando pela formação mental, emocional e física, pois, relacionam-se para a construção de seres coletivos que com as suas potencialidades estimuladas e caminhando conforme as necessidades sociais e suas habilidades pessoais constroem o novo. Universidade que parta das demandas reais do desenvolvimento pleno humano, a qual tentaremos apresentar a seguir.

A construção da Universidade Popular!

O debate sobre a educação no Brasil nos remete à discussão sobre que universidade nós necessitamos de acordo as demandas da maioria da população,os trabalhadores. Para a União da Juventude Comunista, é impossível dissociar a luta por uma sociedade mais justa e fraterna da luta por uma universidade popular. Cabe aos movimentos sociais e em especial àqueles ligados à educação debruçar-se sobre esse tema e apontar uma alternativa estratégica ao modelo elitista atual.

A construção da Universidade Popular passa necessariamente pela reafirmação do seu caráter público e a luta intransigente contra qualquer medida que busque torná-la privada. Uma universidade que tenha como princípio o ensino crítico, com práticas educativas que rompem com o modelo pedagógico atual e coloque a educação como instrumento de emancipação das classes subalternas.

Neste projeto a ciência e tecnologia devem voltar se para as demandas reais da maioria da população e não para os interesses mercadológicos. Uma universidade com democracia interna, que tenha espaços onde docentes, trabalhadores e estudantes possam colaborar e construir conjuntamente um forte instrumento de transformação. Uma universidade que assuma o seu papel transformador da realidade, dialogando com os mais diversos movimentos sociais com o objetivo de construir novos valores na sociedade brasileira.

Hoje se faz necessário muito mais do que a disputa fratricida entre organizações estudantis de cúpula, que os estudantes brasileiros se debrucem acerca da questão do modelo de universidade ao qual defendemos e devemos disputar este projeto na sociedade. Se o movimento estudantil em articulação com os próprios trabalhadores da universidade e os demais movimentos populares não tiver como foco a construção de um projeto de universidade de viés classista e continuar em uma defesa generalista do “ público, gratuito e de qualidade” estaremos fadados a defender uma expansão universitária que se integra perfeitamente ao modelo de desenvolvimento capitalista ao qual passa o Brasil. A Universidade que se expande é excludente, e não pressupõe uma sociedade pautada na distribuição de riquezas, mas sim em diplomas pra muitos, e ciência de ponta para poucos grupos econômicos privilegiados.

A luta pela universidade popular é plural e ampla por isso atuamos das formas mais diversas possíveis. Problematizar o acesso, rejeitando este tipo de vestibular que favorece em termos gerais quem possui dinheiro. Lutar por democracia, boas condições de permanência. Problematizar o ensino, através da participação ativa nos espaços universitários onde se discuta o conteúdo pedagógico e onde se discuta a criação de novos cursos, buscando sempre cursos que gerem massa crítica e que se orientam para demandas populares.

Sem dúvida, a pesquisa e a extensão constituem o caminho mais próximo para este tipo de disputa. A extensão é um mecanismo para levar a Universidade ao povo, e trazer o povo para dentro dela, rompendo a lógica de divórcio entre a universidade brasileira e a sociedade que a alimenta há décadas.

Propostas para Universidade Popular

Hoje o projeto de universidade que se apresenta como demanda da esquerda é o de Universidade Popular, e sua construção depende de uma clara consciência de como dialogar este projeto com a realidade concreta.

Tratemos ponto a ponto:

1- Ensino: Como é possível perceber o ensino na universidade hoje vem perdendo seu caráter metodológico, em menor ou maior grau. Não mais serve a formação de pessoas críticas capazes de realizar por conta própria o estudo e análise da realidade. Não mais se formam cientistas. Para a construção da Universidade Popular devemos ter em mente o ensino metodológico. Apenas um ensino de tal modo pode ao mesmo tempo preparar aqueles que o cursam para o mundo do trabalho ao passo que permita uma formação crítica. Sem tal curso metodológico, fica impossível uma inserção crítica no mundo do trabalho e até mesmo impossibilita que os indivíduos formados possam suprir as demandas sociais, uma vez que estas mudam conforme mudem os problemas centrais da comunidade. Para isso é imprescindível que a formação de professores e cientistas seja indissociável.

2- Pesquisa: A pesquisa na universidade não pode ser pautada, como hoje cada vez mais se torna pela taxa de lucro de alguns indivíduos e grupos empresariais. A Pesquisa de Base é fundamental para que desenvolva a ciência no país. E mesmo a pesquisa aplicada deve tomar um caráter diferente do que toma hoje. A pesquisa aplicada não pode ser voltada para demandas do mercado, isto é, não deve ser para o que é mais lucrativo. A universidade deve ter como lógica de pesquisa o que se demonstra como demanda popular. São os problemas da população, sejam eles de ordens médicas, culturais ou no âmbito do urbanismo, que devem ser solucionados. Deve-se também evitar o puro utilitarismo, isto é, o conhecimento produzido não deve ser pautado apenas pelas suas utilidades imediatas, mas pela demanda popular, e também acadêmica, que pode detectar a necessidade do estudo em determinada área. Nesse sentido, é fundamental que os alunos estejam engajados em tais produções, sempre cientes da produção científica e das demandas populares. Deve-se dizer que a produção de conhecimento é para a universidade popular uma função fundamental a ser garantida.

3- Extensão: A extensão não é como é tratado hoje, um mero apêndice da universidade. A extensão é um ponto fundamental para o funcionamento de uma Universidade Popular. Não por levar à população o que é produzido na universidade, mas sim o inverso: é justamente na extensão onde, em uma realidade em que os trabalhadores não estão organizados politicamente, a comunidade universitária poderá absorver as demandas populares, para o redirecionamento da produção acadêmica, fechando o ciclo. Não trata a extensão da produção de livros didáticos, mas sim da verdadeira integração entre a construção destes junto a um diálogo com as escolas públicas. Não é apenas a oferta de atendimento médico e garantia do espaço de estudo para futuros médicos, no Hospital Universitário, mas a utilização destes hospitais para o mapeamento de doenças mais comuns e de centrar então na prevenção destas. É na extensão que poderemos avaliar, por exemplo, qual é o meio de produção de energia mais eficaz para a realidade brasileira, levando em conta a organização urbana brasileira, as aplicações de projetos de produção e aproveitamento de energia de cada bairro. Nesse sentido, fica dada a unidade entre ensino-pesquisa-extensão que pautamos: é o curso metodológico voltado para as demandas populares, seja no caráter do ensino, da pesquisa ou extensão. É o desenvolvimento do ser humano pleno científico e consciente, capaz de intervir no mundo do trabalho e na sociedade que este gera, levando em conta não o mercado, mas as necessidades concretas do estado e do país. É a unidade que se realiza no fechamento do ciclo de conhecimento como um conhecimento social.

Bandeiras de Luta:

• EM DEFESA DE UMA UNIVERSIDADE POPULAR, PUBLICA, GRATUITA, DE QUALIDADE e LAICA.

• POR UMA REFORMA UNIVERSITARIA PAUTADA NO PLANO NACIONAL DE EDUCACAO ELABORADO PELO MOVIMENTOS SOCIAIS.

• PELA UNIVERSALIZACAO DO ACESSO DO ENSINO SUPERIOR VIABILIZADO PELA EXPANSAO DO ENSINO PUBLICO.

• PELA REGULAMENTACAO DO ENSINO PRIVADO DE ACORDO COM AS DEMANDAS SOCIAIS.

• CONTRA AS FUNDACOES PRIVADAS NAS UNIVERSIDADES E HOSPITAIS UNIVERSITÁRIOS .

- DINHEIRO PÚBLICO SÓ PARA A EDUCAÇÃO PÚBLICA

• Contra a entrada do capital estrangeiro no ensino superior

• Contra o PROUNI! PELA TRANSFERENCIA DE TODOS OS BOLSISTAS PARA AS

UNIVERSIDADE PUBLICAS.

• Por eleições diretas para reitor nas publicas e pagas!

• Pela participação dos estudantes, técnicos-administrativos e professores na formação de

Conselhos Universitários nas IPES!

• Pela livre organização dos estudantes e dos trabalhadores nas IPES!

-Contra os Cursos pagos na universidade pública!

• Boicote ao ENADE! Por uma avaliação externa e interna no processo de ensino!

• Por um Plano Nacional de Assistência Estudantil nas universidades, construído pelos estudantes!

• CONTRA QUALQUER AUMENTO DE MENSALIDADE NAS IPES.

• Pela garantia de condições de aprendizado profissional e ampliação de direitos para os estagiários


O papel do Movimento estudantil

A UJC conta hoje com presença militante em diversas universidades pelo país tanto públicas como privadas.Muitos deles presentes neste 52° Conune, somos críticos ao atual processo de tiragem de delegados ao Congresso da UNE as eleições são imperadas pela lógica das eleições diretas, a maioria destas eleições ocorrem de forma despolitizada em um ambiente propício aos acordões entre as chapas (através de negociações das forças políticas na Comissão Nacional de Credenciamento e Organização, fraudes e especulações).

Para além da disputa de delegados e cargos na UNE, queremos debater com conjunto dos estudantes e do movimento estudantil organizado a importância da unidade de ação do Movimento estudantil com o movimento sindical, popular e social ao combater aos ataques nas políticas educacionais do governo Dilma e a disputa de um outro projeto através de uma frente política com partidos,movimentos sociais, indivíduos com caráter anticapitalista e antiimperialista.

Os congressos dos estudantes universitários nos possibilitam e nos apresentam o desafio e discutir a universidade que precisamos e como o movimento estudantil deve se organizar para atingir seus objetivos. A UJC constrói o movimento nacional pela UNIVERSIDADE POPULAR que tem como perspectiva a construção de uma universidade; onde o ensino, a pesquisa e extensão estejam voltados para a superação dos principais problemas sociais que afligem as classes populares, ao nos contrapormos a mercantilização da vida causada pelo capitalismo nesta fase histórica.

Infelizmente, com chegada de Lula a presidência da república, a UNE vem apoiando incondicionalmente o Governo Federal em detrimento do apoio as mobilizações e lutas dos estudantes. O Governo do PT fez uma opção pela governabilidade conservadora, em detrimento da mobilização popular, o que fez com que o governo capitulasse frente aos interesses do grande capital tornando-se refém do jogo parlamentar, especialmente da aliança com setores da direita.Sem dúvida, hoje a UNE está amoldada à defesa desta lógica dominante, atrelada ao governo federal, ao jogo da pequena política de cúpulas. Com um histórico repleto de identificação com as causas populares, a UNE de nossos tempos mais contribui para a desorganização e despolitização dos estudantes. Prova disso é o debate meramente técnico e institucional sobre a aplicação de recursos do PIB para educação, sem apresentar nenhum projeto alternativo de educação no seu todo, sem ousar e muito menos recuperar a tradição progressista e crítica desta entidade.

Acreditamos que a construção da UNE de volta para a luta e em sintonia com as verdadeiras questões da sociedade brasileira não se concretiza pela mera disputa de cargos na entidade nem muito menos criando entidades paralelas, como o caso da anel. O debate sobre os rumos da UNE não é um debate sobre aparelhos e disputas residuais de cúpula, mas se implica na construção de um movimento político pela base- uma reconstrução do movimento estudantil brasileiro de fato- tendo como uma das pautas a necessidade de se construir um projeto educacional para além da lógica do capital e do imperialismo.

A UJC compreende a importância da organização do movimento estudantil a nível nacional e suas entidades. Os espaços unitários de discussão, organização e luta dos estudantes, como os congressos estudantis, o fórum de executivas e federações de curso, Conselhos de CA´s e DA´s, são importantes pois aglutinam as diversas expressões políticas do movimento estudantil organizado. Constituídos historicamente estes espaços devem ser ampliados e fortalecidos, favorecendo a luta dos estudantes por suas demandas, reivindicações e conquistas.

O campo cultural do ME deve ser pensado considerando o seu caráter aglutinador e como forma de expressão de diversas idéias. Devemos trabalhar com as artes sem esquecer que elas também se inserem na disputa pela hegemonia política e cultural existente na universidade e na sociedade em geral. Assim, buscamos envolver essa produção nas lutas populares sem, no entanto, desenvolver uma prática utilitarista das artes e respeitando as mais diversas técnicas e expressões. Por isso, entendemos que a Bienal de Arte e Cultura da UNE deva ser um espaço de politização e discussão de cultura. As últimas bienais mostraram não possuir esse caráter, ignorando temas centrais num debate de cultura, como a influência da indústria cultural. Apoiamos iniciativas como os CUCA’s, apesar de dentro desses espaços manter-se a mesma política que vemos em outros espaços da UNE. Mas propomos o resgate do legado dos CPC’s da UNE dos anos 60, para a formulação de novas experiências neste terreno pouco desenvolvido pelo ME de hoje.

É com estas constatações que a UJC juntamente com outros coletivos e organizações de esquerda, se esforça na construção de um outro projeto de universidade e sociabilidade na perspectiva do comunismo. Conclamamos a todos os estudantes a discutirem esta perspectiva através do SEMINÁRIO NACIONAL DE UNIVERSIDADE POPULAR a ser realizado em Porto Alegre nos dias 2,3 e 4 de setembro. Seminário que vai além do próprio isolamento do movimento estudantil, mas que se propõe a efetivar a articulação entre estudante, trabalhadores da universidade e movimentos populares a discutirem sobre a luta anticapitalista na educação através da construção do projeto de UNIVERSIDADE POPULAR.


Bandeiras:

-Todos ao I Seminário Nacional de Universidade Popular nos dias 2,3 e 4 de Setembro em Porto Alegre!

-Oposição e independência da UNE frente ao governo Dilma

- Pela reconstrução das UEE’s;

• Pela realização de CONEB’s anuais;

• Pela realização de CONEG’s bienais;

• Pela realização de debates sobre as lutas estudantis na América Latina e no Caribe, em conjunto com a OCLAE, com o objetivo de divulgar e debater a situação dos estudantes na região!

-Pela reconstrução do movimento estudantil brasileiro!




VENHA QUE A CAUSA TAMBÉM É SUA
 (ENTRE EM CONTATO COM A UJC, VENHA CONSRUIR O AMANHÃ LUTANDO HOJE)

021-2509-2056


www.ujc.org.br.