quinta-feira, 26 de novembro de 2009

O PCB e a reflexão política

A origem do texto abaixo é de nossos camaradas do blog http://autocritica-ujc.blogspot.com/.

O PCB e a reflexão política

A discussão marxista no partido deve compreender elementos internos de cada célula e suas experiências, com o objetivo de possibilitar uma articulação que generalize e difunda com maior eficiência nossa ação política. Dessa forma, os combates ideológicos da esfera pública burguesa devem encaradas numa perspectiva crítica, visando a transformação e a evolução da representatividade política em todos os espaços de atuação do partido na sociedade.

Quando levantamos uma discussão desse porte, apontamos para as causas degenerativas nas quais o comunista, ao se associar com determinadas práticas espontaneístas, corruptas e politiqueiras, pode se aderir ideologicamente a uma concepção burguesa, negando como objetivo a discussão na perspectiva do marxismo-leninismo e da transformação social, mesmo que involuntariamente.

Lênin nos ensinou que a luta econômica contra a burguesia, somente visando melhorias materiais de reivindicação espontânea não é suficiente para que a classe trabalhadora seja compreendida como sujeito histórico ativo. Ou seja, é fundamental ampliar a nível político as discussões sobre a realidade. Segundo Gramsci, é necessário elevar a discussão "econômico-corporativa" para um entendimento global da sociedade,através da crítica da superestrutura liberal, edificada a partir da luta de classes e da dominação do Estado burguês.

No caso do movimento estudantil, por exemplo, assistimos um período de crise política nos DCE's e entidades gerais (UNE, CONLUTE, etc.). Uma vez que o aparelhamento e a degeneração dos partidos políticos tornou-se uma norma nas escolas e universidades. A União da Juventude Socialista, órgão estudantil do Partido Comunista do Brasil (PC do B), exemplo clássico da degeneração, compõe a direção majoritária da UNE há mais de dez anos. O "reinado pecedobista" foi solidificado através das práticas burguesas de ação política, despolitizando o debate do movimento estudantil nas bases em que atua por meio da promoção de congressos carnavalescos. Atrofiando, portanto, o debate amplo para a transformação social da realidade precária em que se encontram algumas universidades e a marginalização dos estudantes nessas instituições.

Nesse sentido, como nós comunistas devemos nos portar diante da degeneração política dos movimentos sociais? Como construir uma união dialética dos grupos subalternos na perspectiva de um bloco histórico do proletariado, sem que coloquemos uma posição contestadora à representatividade burguesa? Como fazer com que a "representação" se torne "atuação" na sociedade?

Ser partido, no sentido colocado pela tradição marxista, se relaciona essencialmente com uma discussão interna bem consolidada. A teoria marxista deve ser compreendida através do método dialético e a capacidade de superar os limites históricos do capitalismo. Contudo, jamais devemos aceitar a cristalização e o dogmatismo. As discussões internas são saudáveis para um partido como o PCB, que visa ampliar suas bases por meio de uma dialética entre a qualidade e a quantidade de seus intelectuais.

Para tanto, o desenvolvimento intelectual deve ser colocado em oposição ao burocratismo. A liberdade de crítica e a dialética são a vida do partido, sem isso, não há a possibilidade de esclarecimento e, no entanto, prevalece a ideologia ( aqui entendida no seu sentido negativo e alienante) da revelação. A teoria se torna dogma e o partido degenera-se, tornando-se religião.

Portanto, para que acabemos com a barbárie capitalista e nos tornemos "homens-coletivos" é preciso, nas palavras de Gramsci: "criticar toda a filosofia até hoje existente".

Um comentário:

André Luan Defensora disse...

Com certeza é de suma importância todos nós discutirmos tais questões, que sempre são colocadas como erros históricos nas experiências socialistas. PRecisamos chegar a uma síntese clara do que deve ser a discussão política interna.
Abraços a todos os camaradas, agradecendo desde já a publicação do texto,
André Luan- UJC- Autocrítica São João del-Pueblo